Mais importante documento identificado no levantamento sobre a família Naves do Brasil, o inventário de João de Almeida Naves permitiu ter a relação de seus filhos e de seus bens, e a situação que desfrutava naquele período
Depois de dois meses de leitura, interpretações e consultas a dicionários e especialistas, concluímos a organização da relação de bens do inventário de João de Almeida Naves, o primeiro Naves do Brasil. A partir de uma certidão que o primo Rubens Naves, advogado em São Paulo, obteve no Arquivo Público desse Estado, um documento extenso, dedicamo-nos a decifrar algumas palavras e agora temos condições de repassar a todos o que organizamos, em especial a relação de bens dele. Pela quantidade de escravos dá para notar o poder econômico que ele tinha.
Preferimos organizar os dados a partir da correção da ortografia do documento que foi datilografado a partir de um processo de 1715, pois sabemos a dificuldade de quem, diligentemente, transpôs, para a certidão, o que conseguiu ler e entender. Às vezes, são correções simples, como balança (balansa), libra (livra), braço (brasso), peso (pezo), cinco (sinco), bacia (bassia) etc. Outras, mais complicadas: embaraçadeira, ao se referir a uma peça da espingarda, quando no dicionário está abraçadeira. Ou de interpretação: algodão grosso (escreveu algodão groto), colchões (colchoins), lençóis (lansóis), índios (almas de gentio), moça solteira (mosa solta) etc. De outras expressões não foi possível saber o significado, como colo de prata, traçado com punho liso, negras coricos etc. ou mesmo palavras como alaginita e podeins, que o próprio paleógrafo não conseguiu identificar. Também, nem sempre o valor por extenso correspondia ao numeral. No final, coloquei o significado de várias palavras, a maioria extraída do Google, como contribuição a essa interpretação dos dados.
Com o tempo e repassando o documento a mais pessoas teremos condições de traduzir e escrever, corretamente, na linguagem atual, o significado dessas palavras, permitindo uma maior compreensão desse importante documento
A certidão confirmou o único casamento dele e que o casal teve oito filhos. Quanto aos bens relacionados, todas as peças foram vistas e analisadas pelos avaliadores do Juizado Ordinário e dos Órfãos da Vila de Parnaíba, o que nos levou a suprimir a expressão “foi visto e avaliado pelos avaliadores deste Juízo” que vinha antes de cada valor indicado. E também quanto à idade dos escravos, que é aproximada, suprimimos a referência a “de (…) anos, pouco mais ou menos”.
É um documento preciosíssimo, um dos principais já localizados e que, por isso, merece um novo olhar, uma discussão mais ampla, para a sua divulgação, na revista e no livro sobre a família que pretendemos editar.
Boa leitura a todos.
O detalhamento do inventário de João de Almeida Naves foi publicado no boletim “Notícias de Naves”, de Goiânia, GO, edição nº 204, de 03.03.2011.
Que preciosidade ! Parabéns pesquisador.