A educação viabiliza a consolidação dos demais princípios instituídos pelo cooperativismo mundial
Já consolidadas técnica, funcional e economicamente, as Cooperativas de Crédito do Sicoob são consideradas um dos maiores sistemas financeiros do país. Como na próxima quarta-feira, dia 29, vão renovar o quadro dirigente de sua Central em Goiás, será a oportunidade de inovar, de começar o trabalho de educação de seu quadro social, uma iniciativa ainda inédita no Brasil.
É fundamental que a próxima gestão privilegie a questão educativa, com a instrumentalização de seu quadro social para participar. É o que recomendam os dirigentes das principais e vitoriosas Cooperativas de Crédito da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, já visitadas pelos dirigentes cooperativistas goianos e onde conheceram essa lição, da necessidade de investir na área.
A educação cooperativa, como destaca a professor Gabriel Murad Velloso Ferreira, da Universidade Federal de Santa Maria, RS, é um dos fundamentos mais relevantes do Cooperativismo. “É aquele que possibilita a compreensão dos demais princípios e permite que todos associados desenvolvam melhor as suas atividades cooperativas e também obtenham melhores resultados dos seus esforços”.
Historicamente, a educação se consolidou como preceito de ouro do Cooperativismo. “Na atualidade, é fundamental que mantenhamos essa chama acesa, pois sem a educação o sistema cooperativo não tem condições de perpetuar seus valores, princípios e ideologia, o que compromete severamente a sobrevivência dessas organizações que primam pelo desenvolvimento econômico e social de seus sócios”, ressaltou, em trabalho específico que coordenou para o Colégio Politécnico da UFSM.
Ao evidenciar essa preocupação, muito enfatizada pelos dirigentes com quem conversei para escrever um livro sobre a história do Cooperativismo de Crédito em Goiás, que será lançado possivelmente em maio deste ano, lembro os conceitos que regem o sistema. O quinto diz respeito especificamente à educação, formação e informação, para que o cooperado possa compreender as concepções, a diferença entre educação e capacitação etc.
A educação cooperativa, como explicou Gabriel Ferreira, é um processo que não se encerra na associação. Pelo contrário, é uma ação que se desenrola ao longo do tempo e da participação do cooperado. A educação cooperativa agrega valores fundamentais à vida do sócio e proporciona o seu desenvolvimento integral. Por isso, o papel do técnico em Cooperativismo é fundamental na relação cooperativa-associado, no sentido de contribuir na aproximação dessas duas esferas, estimulando a participação e alinhando os seus objetivos e esforços com a finalidade de obter os melhores resultados econômicos e sociais.
A educação – frisou – é o mais importante elemento de formação para o cidadão, principalmente ao considerar as possibilidades e oportunidades que pode proporcionar àqueles que a ela tem acesso. Da mesma forma ocorre com a educação cooperativa, que, por suas práticas, pode proporcionar um melhor uso e conhecimento das atividades, procedimentos e investimentos que podem ser operados no sistema cooperativista.
O contexto cooperativo tem apresentado a sua preocupação em relação a pouca ou, até mesmo, inexpressiva participação do associado nas atividades de decisão e discussão das Cooperativas. Essa condição reduz a gestão democrática – um dos princípios do Cooperativismo – e denuncia uma educação cooperativa frágil ou inexistente. Por considerá-la como algo tão fundamental é que foi incluída entre seus fundamentos.
O momento é oportuno para investir na área, para mostrar o diferencial entre a Cooperativa de Crédito e um banco, as relações entre cooperados e clientes, a forma de gestão e de participação, enfim, o que é importante para os associados se tornarem mais ativos e mais fiéis.
Os avanços técnicos foram muito expressivos nesses 30 anos da retomada do Cooperativismo de Crédito em Goiás e precisam avançar mais, investir na educação para a cooperação, em consolidar a sua posição no sistema financeiro.