Reunião anual já se tornou tradição e reafirma a união desse núcleo familiar, que começou em Minas e se expandiu em Goiás
Um costume de sempre se reunir para festejar algum evento ou data acabou criando um dos mais longevos encontros de família de que se tem notícia no Brasil: os Naves de Goianésia, GO, que somam em torno de 300 integrantes, vão realizar no período de 27 a 29 deste mês, naquela cidade do Vale do São Patrício goiano, a 16ª edição de sua reunião anual, que este ano tem como título “Família, Projeto de Deus”. Com a decisão, mantém uma tradição: já foi realizado em cidades diferentes, devido ao fato de que muitos familiares se mudaram daquela localidade e o encontro é sempre promovido por um dos núcleos. Este ano haverá duas festas temáticas: sexta-feira, 27, junina, e sábado, 28, seresta dançante.
O jornalista Jales Naves, em parceria com a professora Teresinha Cândida Naves do Nascimento, escreve a trajetória desses familiares, começando pelo casal de primos que deu origem ao núcleo: João Messias Naves e Maria Custódia Naves, que eram do século XIX e tiveram oito filhos. O foco inicial esteve no quarto filho, Imorvides Naves, mas logo se viu que era possível colocar histórias de todos eles. Como falta completar os dados e as narrativas de alguns grupos, o livro não será lançado nesse evento.
Como surgiu
Uma significativa parcela da família Naves, que tinha se fixado no Triângulo Mineiro, veio para Goiás e se espalhou pelas mais diversas regiões goianas, dando sua contribuição em diferentes áreas de atividades e criando laços de grande expressão nessa ocupação do território.
Dos mineiros que vieram para as terras goianas, um casal, João Messias Naves e Maria Custódia Naves, primos, destacou-se. Passou primeiro pelo Sudoeste goiano e depois se fixou na região próxima de Minas Gerais, o Sudeste, mais precisamente na cidade de Corumbaíba, onde criou a grande família que os dois formaram.
Eram de Nova Ponte, MG, e tiveram oito filhos: Alice, Clisséria, Haidê, Imorvides, Adélia, Amélia, Odilon e Diná. Viveram próximos, em sua maioria; houve casamentos entre primos; e depois alguns se mudaram para outra região, o Vale do São Patrício, cortado pela rodovia Belém-Brasília, onde se fixaram, igualmente dando a sua parcela de colaboração no esforço pelo desenvolvimento regional.
Dos filhos, o quarto, Imorvides, casou-se três vezes e levou seus descendentes e outros parentes para a então nascente cidade de Goianésia, nesse Vale. Ali, eles constituíram um dos mais expressivos núcleos da família, muito unido, que se reúne anualmente para uma confraternização.
Costume de se reunir
Como os filhos moraram próximos uns dos outros, ajudando-se mutuamente, essa convivência se espalhou, tornando-se um fato comum em seu meio, que se estendeu aos seus descendentes. A situação favoreceu esse relacionamento, somando àcircunstância um detalhe: eles se mudaram para uma mesma cidade de forma conjunta e isso aproximou-os ainda mais, criando neles o costume de se reunir sempre para festejar um momento ou um acontecimento.
Não há uma programação definida: os mais velhos contam casos e jogam baralho; tudo é motivo para se confraternizarem. Quando não há um motivo mais forte simplesmente comunicam-se uns com os outros e se reúnem na casa de um, para o almoço de domingo (de 50 a 70 pessoas), de duas a três vezes por mês, quando não é todo domingo (30 a 40 pessoas).
“Os filhos e sobrinhos de Imorvides são irmãos e primos unidos, pois não conseguem ficar mais de dois dias sem ir uns nas casas dos outros; notícias têm que ter todos os dias, uns dos outros, costume passado de pai para filho, já chegando aos bisnetos”, como ressalta Teresinha Naves do Nascimento.
A partir desse hábito começaram a realizar todo ano, durante quatro dias do mês de setembro, desde 2003, o Encontro dos descendentes de Imorvides Naves. A iniciativa do primeiro encontro foi do neto José Hamilton Naves; a do segundo, do filho Waldemar Naves; do terceiro encontro, da filha Joselêta (Celita); do quarto encontro, do genro Neca, viúvo da filha caçula, Iêlita, e pelos netos, que aconteceu em Pedro Afonso, Tocantins; e do quinto encontro, do neto mais velho, Valdenaves, filho de Juliêta e Cristiano, em Inhumas, em 2007.