João Paulo Naves e Margarida, na Bienal de São Paulo

Poeta desde a adolescência, João Paulo Naves Fernandes lançou no sábado, dia 7, o seu sexto livro de poemas, “Pomar de Letras”, pela Scortecci Editora, com quem mantém uma relação de amizade antiga. Foi na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que começou na sexta-feira, dia 6, e prosseguirá até o próximo dia 15, no Distrito Anhembi. O evento é palco para o encontro das principais editoras e distribuidoras do país, apresentando seus mais importantes lançamentos, e conta com uma programação cultural abrangente.

Em seu primeiro livro, “Chão do mundo” (1981), como operário metalúrgico, João Paulo pôs à mostra as feridas sociais da ditadura por meio dos seus versos, misturados a chaminés, sirenes de fábrica e apitos de trens. Com a repressão, veio “Banidos e profanos” (1982), em que os sentimentos sentiam medo, e os pensamentos, fome. “Dito pelo não dito” (1988) dá uma resposta a um tempo de reclusão. Descobrir a linguagem dos olhos, as palavras não ditas, compreender, sobreviver. Já “Gota serena” (2010) reflete a nova era de democracia, quando se fez necessário saber construir, mais que confrontar.

Em 2023 João Paulo lançou “Amor de espera”, em que canta a vida, o amor, num ambiente marcado pela pandemia de covid. Agora apresenta o “Pomar de letras”, unindo conhecimento, experiências e tempos, olhando para a frente a vida como construção. “É preciso romper o lacre do terceiro milênio, redescobrir as novas formas de prisão, estar atento, escrever. A resposta será sempre a afirmação do amor, caminho da vida verdadeira”, afirmou.

Luta por justiça

João Paulo nasceu em uma casa no fundo do Fórum de José Bonifácio, SP, no dia 9 de agosto de 1949, das mãos de uma parteira, logo tomando o café na xícara oferecida por sua madrinha, tia Maria. O pai, Sólon Fernandes, mineiro de Uberaba e juiz de Direito, suspendeu audiência para acompanhar o rebento. Sua mãe, Sebastiana de Souza Naves Fernandes, professora primária, marcou sua vida com amor e sabedoria.

Aos cinco anos a família se mudou para São Paulo, SP. Órfão de pai com 11 anos, encontrou num vizinho do bairro Perdizes, na capital paulista, o general Euryale de Jesus Zerbini, cassado em 1964, a formação intelectual que lhe serviu de base para a vida. Ele e sua esposa Terezinha Zerbini tornaram-se seus padrinhos do casamento com Margarida Maria Pereira Naves Fernandes, carioca, com quem teve dois filhos, Juliana e Rafael.

Com eles bebeu da filosofia e da poesia, e da luta por anistia. A convivência com os dominicanos, particularmente com frei Giorgio Callegari, preso durante a ditadura, despertou-lhe a sede de justiça, assumindo a luta pelas liberdades democráticas e de expressão, que mantém até hoje.

João Paulo cresceu nessa zona oeste de São Paulo, onde fez o curso secundário e despertou para a poesia. Fez Ciências Sociais na Universidade de São Paulo. Ligado à Dinâmica MCP Consultoria e Treinamento, dedicou-se a Programas de Liderança Básico, Liderança Avançado, Coach, Gestão do Tempo, Técnicas de Apresentação em Público, Negociação Ganha-Ganha, Grafologia e Motivação.

“Hoje considero a tolerância e a vivência cristã minha referência principal, sem desconsiderar minha formação”, completou João Paulo.

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