Anotações do batismo de Baltazar de Almeida Naves

 

A guerra dos Pires contra os Camargo, rivalidade ocorrida na vila de São Paulo entre as décadas de 1640 e 1660, resultou em assassinatos de ambos os lados e na mudança de grupos familiares para outros locais. É o caso dos Naves, que começaram sua organização familiar nos anos 1650, instalaram-se nesse povoado e em função dessa desavença transferiram-se para a vizinha vila de Santana de Parnaíba. Acompanharam os Pires, que tinham como um de seus principais líderes o bandeirante Fernão Dias Paes Leme, primo primeiro de Maria da Silva Leite, que era casada com João de Almeida Naves.

A disputa teve início por volta de 1640, quando Alberto Pires assassinou Leonor de Camargo Cabral, sua esposa, e também Antônio Pedroso de Barros, seu cunhado. Não há certeza se Alberto desejava o assassinato ou se ele teria atingido sua mulher por acaso, e, sem saber como justificar sua morte, matou também o cunhado e acusou os mortos de adultério.

As duas famílias possuíam chefes políticos e militares, donos de enormes fazendas de trigo na Serra da Cantareira, e disputavam a supremacia em São Paulo, sendo a rivalidade a luta pelo comando da Câmara a razão principal do conflito.

Ligação com os Pires

        A história da família Naves brasileira se originou com a chegada ao então Brasil colônia do português João de Almeida Naves, provavelmente em 1650, que se organizou economicamente na vila de São Paulo, onde se casou com a paulista Maria da Silva Leite, muito possivelmente em 1653, e teve os três primeiros filhos.

O primogênito do casal, Baltazar, recebeu o nome do avô paterno e foi batizado no dia 6 de maio de 1654, na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, hoje Igreja e Mosteiro de São Bento – um dos protagonistas dessa guerra era o capitão mor Bento Pires de Medeiros, casado com Sebastiana Silva Leite, muito provavelmente parente de Maria da Silva Leite, e padrinho de Baltazar. Bento era cunhado do bandeirante Fernão Dias.

O segundo filho, João, em homenagem ao pai e ao avô materno, foi batizado no ano seguinte. O batismo da terceira filha, Joanna de Almeida Naves, foi em 1657. Devido à guerra, posteriormente a família se mudou para Santana de Parnaíba, vila onde já nasceu a quarta filha, Maria, nome homenageando a avó paterna e a mãe, em 1973.

Origem em Almeida

      Os Naves, conforme levantou o pesquisador Osvaldo Pereira Coelho Júnior (foto), filho de Maria José Naves, são de uma região de intenso conflito histórico, base de defesa de Portugal contra as invasões, o município de Almeida – a sua sede, vila de Almeida, é conhecida por sua fortaleza em forma de estrela de 12 pontas, um dos mais espetaculares exemplares europeus dos sistemas defensivos abaluartados do século XVII. Nos seus arredores fica a Freguesia de Naves, que tem Almeida como principal centro urbano e dista uns oito quilômetros adiante.

Osvaldo Júnior está com viagem programada para setembro deste ano para Portugal, mais especificamente para visitar Forno de Algodres, que fica uns 90 km de Almeida. Sua linha de pesquisa vai ser um levantamento no Arquivo Distrital da Guarda e na igreja de Santa Maria Maior, onde João de Almeida Naves foi batizado. “É provável que nosso João seja o segundo ou terceiro filho de Baltazar José Naves. Então, teremos muito provavelmente um dos irmãos ocupando cargos administrativos em freguesias vizinhas a Forno de Algodres ou neste mesmo local”, afirmou.

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