Alcina Naves
Com boa parte de sua vida dedicada ao Hospital Nossa Senhora de Fátima, de Mineiros, GO, onde ocupou as mais diversas funções, como camareira, cozinheira e enfermeira, durante 19 anos, Alcina Naves de Rezende decidiu se aposentar e ajudar a cuidar dos netos. O irmão Agnelo Naves de Rezende trabalhou na construção dessa unidade hospitalar, que tem dois andares, inclusive ajudando a quebrar pedras, de britas, para essa obra.
Filha de Alzira Naves de Rezende e Selvino Mendes Alegre, ela nasceu no povoado do Cerradão, nas proximidades do rio Onça, grande e bonito, no município de Alto Garças, no Mato Grosso, num sábado, dia 6 de outubro de 1951.
Cartucho
Um episódio marcou sua infância: criança que ainda não andava, arrastava-se pelo chão da casa e do amplo quintal, quando encontrou um cartucho usado, da garrucha que seu irmão Gildo utilizava, colocou na boca e, inocente, quase o engoliu; ficou preso em sua garganta, engasgada, o que deixou a todos apavorados, sem saber o que fazer. A situação virou um alvoroço, com muitos gritos e desorientação. Diante daquela confusão toda que tinha se formado, um vizinho chegou, olhou a criança, que respirava ofegante, com a bala sai-não-sai, e sugeriu:
– “Temos que rezar por São Brás, o protetor contra os desafogados”.
Começaram as orações e o cartucho, não se sabe como, caiu de sua boca, para alívio de todos.
Nêgo d’Água
Antes de se mudar para Mineiros, para tratamento de saúde, Selvino tocava lavouras para os fazendeiros da região. Como a de Ismael, plantando e colhendo arroz, feijão, milho e cana de açúcar, inclusive a cana caiana, que era a preferida das crianças; os filhos ajudavam o pai nessas tarefas do campo.
Joaquim, Gildo e Sebastião tinham mais afinidades com a água do que os outros irmãos, nadavam muito bem e iam com frequência se banhar no rio Onça. Certo dia, contaram ter visto o Nego d’Água, uma lenda na região, pelas estripulias que fazia com os pescadores; disseram que o viram afundando nas profundezas do rio e ficava com as mãos encima das pedras nas suas margens. Nem todos acreditaram nessa aparição dele.
Depois que se mudou para Mineiros, Selvino, baixinho e que se relacionava bem, foi adotado pelas sobrinhas, que não mais deixaram que ele fosse embora.
Mudança
Alzira já tinha chamado os filhos, decidindo sair daquele local, indo morar na fazenda de João Quirino, onde tinha uma casa cheia de cobras; as crianças, desavisadamente, esbarravam nelas, e que não reagiam, atacando as pessoas. Ali morou a filha Jocelina e nasceu a caçula, Nilda. Gildo, o mais velho, era o provedor da família e ali passaram um bom tempo.
Nessa região morreu a mãe de Alzira, Maria Rita Naves de Miranda, e um irmão, quando resolveram se transferir para Goiás; a mudança, num caminhão pau-de-arara, que ficou lotado de bagulheiras, foi conseguido com a Prefeitura de Alto Garças, e a viagem, longa e demorada, foi compartilhada com quatro cachorros.
A parada foi na casa do tio Silvério, irmão do sogro dela.
Homenagem a Alzira Naves em Mineiros, GO
Alcina
Alcina estudou, até a quinta série, em duas escolas municipais, ‘Castelo Branco’ e ‘Elias Carrijo’, trabalhou muitos anos como doméstica; e sempre gostou de música, de um violão e de dançar, não perdendo um baile, quando rodopiava bastante pelos salões, e se casou com um parceiro que tinha os mesmos gostos, Lauriston Francisco Ramos, de Portelândia, GO.
Dessa união nasceram dois filhos: Glaudstone, de 1971, que trabalha numa loja de autopeças, tem quatro filhos: Marcos Vinícius, Ana Caroline, Gabriele e Carlos Eduardo, e hoje é casado com Sílvia; e Wênio, de 1979, que se dedica à construção de forros em casas, casou-se com Letícia e eles têm três filhos: Wênio Gabriel, Ana Letícia e Ana Luiza Naves.