Longino Naves
Habilidoso no trabalho com madeira, construindo de tudo, de móveis de casa a currais, incluindo caixões, Longino Vieira Naves, que completou 98 anos no dia 5 deste mês, fez nome como artesão, que na época chamavam de carapina. Mineiro de Uberlândia, sempre viveu em fazendas, lidando com essa atividade ou trabalhando a terra, na derrubada de matas, plantio de lavouras e sua colheita, e hoje mora em Goiânia. As muitas lembranças são dessas épocas de desbravamento, construção e transformação dos espaços, e sua fama correu, sendo contratado para construir currais em muitas fazendas em Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
Ele não teve oportunidade de estudar. Começou a trabalhar ainda criança, ajudando os pais, a partir de quando foi desenvolvendo as suas habilidades no madeiramento. Nasceu no dia 5 de maio de 1927, na fazenda Vertente, município de Uberlândia, dos seus pais, Belmira Cândida de Melo Naves e José Inácio Vieira, onde passou boa parte de sua infância, adolescência e juventude. Na região conheceu a jovem Maria da Conceição Veloso, cinco anos mais nova, mineira do município de Luz, que se mudara para uma fazenda próxima, estudou apenas o primário e se tornou professora no meio rural, ajudando na alfabetização dos filhos de vizinhos e de amigos – inteligente, com muito conhecimento e boa didática, tinha ótima caligrafia e se destacou em seu meio.
O casal se uniu quando da mudança para Tupaciguara, instalando-se na fazenda Babilônia, onde ele tocou lavouras e nasceram os quatro primeiros filhos: José Luiz, em 1956; Marilda, em 1957; José Fernando, em 1959; e Arnaldo, em 1960. Em seguida, a família decidiu buscar novas oportunidades, e se mudou para Itumbiara, GO, para trabalhar nas terras do tio Francisco Américo Naves, e ali nasceu o quarto filho, Reginaldo, em 1963. Continuaram buscando novos espaços e foram parar na fazenda Bela Vista, na região de Monjolo, de outro primo, José Américo Naves, nas proximidades de Turvelândia, então no município de Paraúna. Dois outros filhos foram registrados em Paraúna: Mariza, em 1965, e Margarida Maria, em 1966.
Carapina
Tranquilo em seu canto, calado, sempre trabalhando um pedaço de madeira, que pacientemente ia transformando em objetos, Longino foi aperfeiçoando, ao longo do tempo, esse talento. Quando chegava numa região, dava sempre umas voltas antes de começar seu trabalho, para apreciar as árvores, descobrir de que forma poderia melhor utilizar as madeiras que teria à sua disposição, e só depois dava início às derrubadas das matas, direcionadas para a lavoura e para a criação de gado.
Caprichoso, fazia os seus próprios móveis – mesas, cadeiras, guarda-roupas, e objetos para a fazenda, como cocho, madeiramento para os currais e para telhados, e outros utensílios para a casa e para a atividade no meio rural. Dona Maria da Conceição, de sua parte, além de dona de casa, dedicava-se ao ensino, à costura, fazendo as roupas dos familiares, e às atividades religiosas, tendo sido Ministra da Eucaristia.
Longino com filhos
Novas alternativas
Os filhos, ao crescerem, foram buscando suas alternativas. José Luiz, José Fernando, Arnaldo e Reginaldo, ao cumprirem o Serviço Militar, optaram pela Aeronáutica e chegaram a servir em Brasília, mas não permaneceram.
José Luiz, que morava em Anápolis, criou o Colégio Grauss, e, depois, ao se transferir para Goiânia, implantou o Colégio Palmares, a partir de quando ingressou na atividade política. Foi Secretário de Estado em Goiás e no Distrito Federal. Em Goiás, no Governo Maguito Vilela (1995-1998), implantou arrojado e audacioso programa social, criando a cesta básica de alimentos distribuída às famílias de baixa renda, “acudindo o pobre e resgatando a sua dignidade”, conforme registrou o jornal “Diário da Manhã”. Posteriormente, em Brasília, foi Secretário de Estado, por sete anos, no Governo Joaquim Roriz (1999/2003 e 2003/2006); Secretário do Planejamento, Coordenação e Parcerias do Distrito Federal no Governo Maria Abadia (2006-2007), por um ano; presidiu a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), no Governo José Roberto Arruda (2007-2010), três anos; e consultor de Programas Sociais do Governo Confúcio Moura (2011-2018), em Rondônia. Criou o Programa de Restaurantes Populares, com comida a um real, no Distrito Federal, iniciativa hoje levada a todas as unidades da Federação. Atualmente trabalha com o senador Izalci Lucas (PL-DF). É proprietário rural no município de Varjão, GO. Casou-se com Adelaide Martins de Oliveira, goiana de Itapaci, e têm trigêmeos, nascidos no dia 30 de novembro de 2000: Maria Luíza, Enzo Rafael e Luiz Felipe.
Trabalhando desde os 12 anos e com a família instalada em Acreúna, Marilda montou uma loja de confecções, que conciliava com a função de professora, no Colégio Estadual Domingos Alves Pereira, e um emprego numa repartição do Estado. Casou-se cedo, com Valdemir da Silva Ferreira, o Dirso, de Paraúna, com fazenda para a criação de gado, e eles tiveram três filhos, todos registrados em Rio Verde e assinando Naves Ferreira: Alessandro, de 1977, biólogo; Jean Carlos, de 1980, enfermeiro e professor universitário em Brasília; e Valéria, de 1982, fisioterapeuta. Em Acreúna o casal teve uma lanchonete por 19 anos. Depois, a família se mudou para Goiânia, onde Marilda, formada em Pedagogia e depois em Gastronomia, pela Faculdade Cambury, manteve o restaurante Sal da Terra, no Setor Universitário, por 22 anos. Faleceu em 2021.
Reginaldo, comerciante, tem uma lanchonete na Ceasa-GO em Goiânia, há vários anos. Trabalharam com ele, na lanchonete, a irmã Mariza Aparecida, onde era gerente e caixa, tendo falecido em 2007; e José Fernando gerenciando a lanchonete pela manhã, que faleceu em 2022. Margarida Maria é a gerente no período noturno. Arnaldo, que nasceu em 1960, era comerciante, fornecendo abacate e pequi na Ceasa-GO, e faleceu em 2020.