Ângela Naves
Um sonho de juventude, de morar no exterior, que renasce quando se aposentou da advocacia e procura manter sob controle a sua saúde, Ângela Naves de Oliveira, 55 anos, tem atualizado a sua agenda de compromissos. A principal anotação é renovar o visto no passaporte, que era de 10 anos para os Estados Unidos e está vencido. Nos planos, passar uma temporada em Charlotte, uma das principais cidades e centro comercial da Carolina do Norte, que tem um clima bom e muitas oportunidades. Por enquanto, só desejo.
A vida inteira voltada ao trabalho e a se aprimorar e oferecer oportunidades para as filhas se organizarem, ela se considera uma batalhadora que venceu, colhendo os frutos desse plantio. As três filhas estudaram, graduaram-se em áreas que escolheram e trabalham, ou criaram empresas, para colocar em prática essas habilidades.
Marília graduou-se em Comércio Exterior (Logística) pela Faculdade Uberlandense de Núcleos Integrados de Ensino, Serviço Social e Aprendizagem (Uniessa), trabalhou na área e agora está com o marido, Renan Gasquel Fernandes, na franquia Chef da Empada, já espalhada pelo Brasil – eles tem um casal de filhos: Emanoel, de 2018, e Jasmine, de 2022, ambos assinando Naves Gasquel; Mirela é bióloga pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e reside em Brasília, onde tem uma empresa de consultoria ambiental, inclusive realizando trabalho de perícia; e Andressa formou-se em Marketing pelo Centro Universitário do Triângulo (Unitri), é diretora do Serviço Social do Comércio (Sesc) em Uberlândia e casada com Victor Masson da Rocha Neves, paulistano, descendente de italianos, formado em Jornalismo pela UFU e com uma empresa, Seven, que atua com mídias sociais – eles tem um filho, Gael Naves Masson, de 2017.
História
Sempre muito ligada à família, Ângela se lembra que o pai, Antônio Naves de Oliveira, foi empresário, com a Vidraçaria Triângulo, uma das maiores da cidade na época, e construiu, no fundo do lote onde tinha sua residência, uma casa para os pais dele, Sebastião Rodrigues de Oliveira e Amélia Naves de Oliveira. O avô, como se lembra, era um homem muito bonito e elegante, que chamava a atenção, e faleceu com uns 50 anos. Ele tinha uma barbearia no centro da cidade muito frequentada, que atendia políticos e empresários, e, sempre que chegava em casa, tinha um agrado para as netas, como as apreciadas balinhas.
A vidraçaria foi responsável pelo fornecimento e colocação dos vidros em importantes obras da cidade, como o primeiro edifício e o prédio da Rodoviária.
Ângela casou-se aos 18 anos com Sebastião Barbosa e Silva Júnior, sobrinho do sócio do pai na vidraçaria. A primeira gravidez, em 1988, não foi tranquila: Marina nasceu prematura, de seis meses, em parto normal, teve dificuldades e os recursos médicos, na época, não foram suficientes para salvá-la. Viveu apenas seis horas.
Outros três partos foram normais e tranquilos: Marília chegou em 1989, Mirela em 1991 e Andressa em 1993.
Ângela fez Direito na UFU; o pai tinha começado o curso, mas não o concluiu. Em 1999 ela prestou o concurso público da Procuradoria de Justiça do Estado do Tocantins, foi aprovada para o cargo de assessora jurídica, tomou posse no início de 2000 e se mudou pra Palmas, TO, com as três filhas. Após um ano de trabalho, decidiu pedir exoneração e retornar para Uberlândia, porque percebeu que a adaptação delas estava difícil, não tinham a família por perto e eram pequenas.
Retornaram, quando pode melhor orientar as filhas e as incentivar nos estudos, ao mesmo tempo em que iniciou na advocacia, atuando na área civil, e mais recentemente deixou a profissão. Aposentou-se apenas da advocacia, para realizar novos planos. O exercício dessa atividade é “recompensadora e inspiradora quando superamos um problema e restabelecemos a paz de espírito ao cliente. A advocacia me deu uma capacidade de superação e uma boa compreensão do caráter humano”, afirmou.
Agora, com as filhas encaminhadas e já organizadas em suas vidas, retoma as vontades não realizadas e refaz os planos, já se preparando para executá-los.