Mesa diretora dos trabalhos

– “O que é ser Jornalista?”

Ao fazer a indagação, no momento em que foi agraciado com o título de Sócio Benemérito da Associação Goiana de Imprensa, o primeiro a recebê-lo, o jornalista Jales Naves mesmo respondeu:

– “É um eterno contador de histórias reais, que está sempre em busca da verdade e ama o que faz”.

E completou:

– “É como tenho me portado nesses 56 anos enquanto profissional”.

A AGI, ao programar as comemorações dos seus 90 anos de existência, decidiu reconhecer o papel de seus filiados e de pessoas ligadas ao Jornalismo. Começou pelo seu associado nº 1.088, que se inscreveu na entidade no dia 10 de novembro de 1968, e foi muito aplaudida pela iniciativa – distinguiu um profissional com trajetória elogiada por todos e criou um incentivo à categoria, pouco acostumada a ter seu papel enaltecido.

O próprio Jales Naves mesmo ressaltou esse detalhe, pois era a primeira homenagem que recebia da Associação, nesses 55 anos de atuação, e poucas de outras áreas. Ficou incrédulo quando o presidente da AGI, Valterli Leite Guedes, o chamou para dizer dessa decisão, e depois viu como é importante ser destacado pelo que faz, tendo reconhecidos o seu mérito, o seu talento e o seu profissionalismo.

A solenidade aconteceu na manhã de sexta-feira, dia 28 de junho, no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, que passa a ser o centro cultural mais expressivo da cidade, com muitas promoções e sobre temáticas diferentes, desde exposições de trabalhos, lançamento de livros, palestras, debates e homenagens.

Nessa data, além da homenagem da AGI, houve o lançamento da 10ª edição do livro “O Velho Cacique”, do escritor Luiz Alberto de Queiroz, sobre Pedro Ludovico Teixeira, e uma exposição da artista Patrícia Lobo, uma das autoras de três belos painéis que ilustram o IHGG.

Diploma

A AGI tem vivido uma nova fase, de muitas atividades e presença, e quer marcar o novo momento, já programando comemorar os seus 90 anos no dia 10 de setembro com muitas atividades.

A homenagem da sexta-feira foi a primeira das iniciativas para essa comemoração da significativa data. Com a decisão da homenagem e a escolha do associado a ser lembrado, o passo seguinte foi encomendar uma nova logomarca e elaborar um diploma a ser entregue ao escolhido.

A ideia foi apresentada ao designer José Carlos Guimarães, formado em História pela Universidade Federal de Goiás em 1999, com pós-graduação em Planejamento Urbano e Ambiental, que trabalhou em agências de publicidade e, desde jovem, gosta de desenhar. O intermediário foi o jornalista Sinésio Dias de Oliveira, que o conhecia e a seu trabalho, e o sugeriu para essa tarefa, indicando, como objetivo principal da imprensa, a luta por liberdade.

José Carlos aceitou o desafio, acatou a sugestão e trabalhou a primeira letra da sigla, A, relacionando liberdade com uma ave voando e que, ao mesmo tempo, simboliza um livro aberto. Essa primeira sugestão foi bem aceita e, depois de analisada, aprovada. Surgiu assim o diploma, para entrega ao primeiro escolhido.

Escolhido

A escolha levou em consideração o tempo na atividade jornalística e de sua filiação, a trajetória profissional e sua relação com a entidade e suas iniciativas, sua atuação na Associação e seu compromisso com a sociedade. Na análise da inscrição de Jales Naves, de nº 1.088, de 10.11.1968, de seu histórico e de sua contribuição, já tendo integrado quatro diretorias, uma como Diretor-Secretário, duas como Presidente e uma como Presidente do Conselho, e suas realizações nessas funções o indicaram para a primeira homenagem, que foi bem aceita no meio profissional e na sociedade.

Seu primeiro emprego público foi no Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Estado (CERNE), que na época contava com um parque gráfico, no qual publicava o “Diário Oficial” do Estado, uma emissora, a Rádio Brasil Central, então com um alcance enorme, a Agência Goiana de Notícias e a Agência Goiana de Publicidade; mais tarde criou uma emissora de televisão, a TV Brasil Central. Ele foi admitido, em 11 de junho de 1968, na RBC, e logo passou para a AGN, posteriormente transformada em Agência Goiana de Divulgação, onde exerceu as principais funções na atividade, como Repórter, Redator, Editor, Secretário de Redação e Redator Chefe. Uma de suas iniciativas foi a criação das normas de redação, para instituir, em seus dois boletins diários, estilo próprio, de forma a uniformizar e identificar os textos produzidos por sua equipe.

Em 1969 ingressou no Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás, a partir de quando teve participação direta nas lutas dos estudantes pela estruturação do Departamento, pela aquisição de máquinas e equipamentos, pela contratação de professores com formação na área e pelo seu reconhecimento, o que ocorreu quase oito anos depois da implantação do Curso.

Conciliando teoria e prática profissional, trabalhou nos jornais da época, como “Tribuna de Goiás”, “Folha de Goiaz”, “O Popular” e “Cinco de Março”. Coordenou a criação da Cooperativa dos Jornalistas de Goiás Ltda. (Projornal), buscando uma alternativa de trabalho para os profissionais e editou, por 11 anos, o “Jornal das Cooperativas”, criando uma memória do Cooperativismo dos anos 1980. Produziu e dirigiu dois programas de entrevistas na TV Brasil Central: “Opinião em debate”, do jornalista Rosenwal Ferreira, e “Roda Viva local”, apresentado pelo jornalista Reynaldo Rocha.

Em suas gestões à frente da AGI a entidade conheceu uma dinâmica nova, com muitas iniciativas, que resgataram o papel da Associação, valorizaram o trabalho do profissional da imprensa e movimentaram o cenário sociopolítico. Duas grandes iniciativas do período foram o “Prêmio AGI de Jornalismo” e o “Projeto Goiás”. O concurso teve como objetivo central estimular a participação dos jornalistas na entidade, que sempre foi aberta aos segmentos afins, constituindo-se num instrumento da sociedade e não exclusivamente dos profissionais da redação. Com o segundo, a Associação realçou o seu papel de liderança, ao esboçar uma proposta de união de todos os goianos em prol do Estado, a partir da discussão dos problemas e da definição de uma pauta comum, que denominou de Projeto Goianidade. A entidade reassumiu essa função de aglutinar para somar por Goiás.

Essa somatória de ações favoreceu a sua indicação e a aprovação de seu nome para a homenagem da AGI. O presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Jales Guedes Coelho Mendonça, ressaltou sua contribuição à história de Goiás e ao IHGG.

O evento, muito prestigiado, foi realizado no Auditório Augusto da Paixão Fleury Curado, do Instituto. Presentes, dentre outros, os ex-governadores Irapuan Costa Júnior e Marconi Perillo.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.