Facilitar a vida dos advogados, que são profissionais liberais, têm dificuldades creditícias, por não terem uma receita mensal fixa, e cuja remuneração varia de acordo com a evolução das ações nas quais atua. Essa realidade tem sido trabalhada desde o início da Cooperativa de Crédito dos Advogados (Sicoob Credijur), cumprindo o seu principal objetivo, e se constitui em modelo para os operadores do Direito de outras regiões, como Santa Catarina, que buscaram informações para organizar a sua instituição financeira de crédito. Primeira da área criada no País, tem servido de escola para os seus gestores e cooperados, que aprendem na rotina diária a superar as dificuldades e problemas da área e a gerir com rigor a aplicação dos recursos financeiros de seu quadro social, com avaliação técnica dos pedidos de empréstimos. Em 2015 era a 13ª entre as 28 filiadas da Cooperativa Central de Crédito de Goiás Ltda. (Sicoob Goiás Central), com 1.600 cooperados, R$ 20 milhões de capital, R$ 21 milhões de Patrimônio Liquido e R$ 63 milhões em Ativo Circulante.

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Felicíssimo Sena

O fundador e presidente nesse período, Felicíssimo Sena, é defensor da manutenção desse rigor técnico. Conta que, uma única vez, intercedeu por um cooperado que o Comitê de Crédito não autorizara a concessão do empréstimo, alegando não ter lastro para garantir o valor solicitado. Procurado pelo colega que precisava do dinheiro, fez a intermediação e foi seu avalista; como o cooperado não honrou o compromisso, foram acionados os avalistas, e Felicíssimo teve que pagar o montante emprestado. Serviu como lição, e desde então não mais interfere, deixando que os pedidos passem pelos três níveis de avaliação: a primeira, técnica, dos gerentes; a segunda, dos diretores; e, em terceiro grau, do Conselho de Administração.

Na Assembleia de Constituição os cooperados eleitos para os Conselhos de Administração e Fiscal abriram mão, no primeiro período de gestão, de qualquer tipo de honorários, ‘pro-labore’ ou cédula de presença nas reuniões, para liberar a nova entidade desses custos no prazo de sua implantação. Essa liberalidade foi confirmada nas Assembleias Gerais em que se renovou o quadro de conselheiros e até hoje eles não têm qualquer remuneração, apenas um lanche no dia de reunião, normalmente fora do horário convencional de trabalho, já que todos têm ocupação em seus escritórios. “É um pacto histórico. Quando se tem ônus menores na instituição, é possível reduzir taxas e tarifas para os cooperados”, justificou. Um detalhe: mesmo sem remuneração ou qualquer mordomia todos fazem questão de participar, e nenhum quer deixar de integrar os Conselhos.

Começo

Atuante na Advocacia goiana há mais de 40 anos, com excelente relacionamento em todas as áreas do Direito, Felicíssimo é um dos principais líderes de um expressivo segmento dos advogados, que geriu a Seção de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil por mais de 20 anos. Está sempre conversando sobre a sua profissão, quando atende amigos e colegas em seu escritório, próximo ao Tribunal de Justiça do Estado. Numa dessas visitas recebeu o advogado Manoel Januário Ferreira, de Catalão, que falou de uma nova atividade que estava desempenhando: era diretor da Cooperativa de Crédito Rural da cidade, na região Sudeste do Estado. Falou sobre o funcionamento, mostrou o seu talão de cheques da Cooperativa e o despertou para o assunto, indicando onde buscar mais informações, o Sicoob Goiás Central, que procurou no dia seguinte e conseguiu as informações e orientações necessárias, inclusive um modelo de estatuto social.

De posse desse material, solicitou à sua colega Andréa Terezinha Maia Pereira que lesse o modelo de estatuto social, fizesse as alterações e providenciasse uma cópia para ele. Em seguida, marcou para fevereiro de 1997, em seu escritório de advocacia, na Av. Assis Chateaubriand, 51, no Setor Oeste, em Goiânia, uma reunião para discutir o assunto, já fornecendo uma cópia do estatuto para os presentes, quando analisaram e viram a viabilidade do projeto. Em seguida, como coordenador da Comissão Organizadora, expediu o convite para 25 profissionais de seu relacionamento e o edital de convocação para criar a Cooperativa. No dia apareceu um 26º profissional, que lera o edital, decidiu comparecer e se integrou à iniciativa.

A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais do Direito na Micro Região de Goiânia Ltda. (Credijur), com endereço na Rua 101 nº 188, no Setor Sul, nasceu no dia 22 de abril de 1997, com 26 cooperados, que contribuíram inicialmente com 100 reais cada um, para formar o capital social da nova instituição, que totalizou R$ 2.600,00. Foram eleitos para o Conselho de Administração, com mandato até a Assembleia Geral Ordinária (AGO) de 2000: presidente, Felicíssimo José de Sena; 1º vice-presidente, José Ricardo Roquete; 2º vice-presidente, Reinaldo Siqueira Barreto, e, membros, Gildair Inácio de Oliveira, João Bezerra Cavalcante, Paulo Silva de Jesus, Marco Antônio Caldas, Miguel Ângelo Sampaio Cançado e Coraci Fidélis de Moura. Para o Conselho Fiscal, com mandato até a AGO de 1998: José Francisco Rabelo, Marisvaldo Cortez Amado e Divino Fernandes dos Reis, como titulares; Longino José Caetano Fernandes, Lucimeire de Freitas e Andréa Terezinha Maia Pereira, suplentes. Demais fundadores: Romualdo José de Oliveira Neto, Érico Rafael Fleury de Campos Curado, Paulo Maria Teles Antunes, Eucione Maria de Oliveira e Silva, Ana Maria Morais, Maria Clara Rezende Roquete, Bruno Bezerra de Oliveira, Armando Campos, Fausto Almeida Santos, Thales José Jayme e Eládio Augusto Amorim Mesquita.

Aprovaram, ainda, a filiação da Credijur na Cooperativa Central de Crédito de Goiás. A sua área de ação foi limitada aos municípios de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Senador Canedo, Bonfinópolis, Goianápolis, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Hidrolândia, Guapó, Trindade, Aragoiânia, Terezópolis de Goiás e Anápolis. Hoje, o Sicoob Credijur tem como área de atuação todo o Estado de Goiás.

A autorização de funcionamento foi concedida pelo Banco Central quase um ano depois, no dia 12 de março de 1998, com prazo de um ano para a instalação da Cooperativa. Com o documento nas mãos surgiram as primeiras dificuldades: O que fazer? Como começar as atividades? Logo em seguida o Banco Central começou a cobrar os balancetes mensais etc.

Uma coincidência que ajudou muito: nesse momento, apareceu no escritório do Felicíssimo o gerente de suas contas no Banco do Brasil, Gilson Purcena da Silva, anunciando que estava se aposentando. Com os papéis do Banco Central, convidou-o para um almoço em sua chácara, para conversarem sobre a Cooperativa. A dúvida inicial era se ele, que trabalhou nas maiores agências, com grandes clientes, iria aceitar implantar uma instituição que começava com um capital social de R$ 2.600,00. A conversa foi produtiva, o acerto aconteceu, e no dia seguinte já estavam procurando um imóvel para instalar a Cooperativa.

O endereço inicial, na Rua 101 nº 156, um imóvel que Felicíssimo cedeu, sem cobrar aluguel, serviu apenas para os cadastros. O primeiro espaço alugado foi na Rua 94 e começou com dois empregados: Gilson, como gerente, e Roberto Gomes, contador; depois, foi contratado o pessoal da rotina bancária. No início, segundo trimestre de 1998, sem atividades, com receita zero, acumulou despesas e um prejuízo de R$ 14.393,00. O cota capital inicial, de R$ 100,00, passou para dois mil reais, quando foi realizado um grande trabalho de adesão e de complementção da cota dos fundadores, o que permitiu maior capitalização da Cooperativa. As operações financeiras começaram no dia 1º de julho: o primeiro depositante foi o advogado Cleomar de Barros Loyola, que presidiu a Seccional da OAB-GO; e, o segundo, o advogado Onofre Thomaz da Cunha. Ao final do exercício as perdas foram reduzidas para R$ 8.674,00. Três dados importantes de 1998: o Ativo Circulante saltou de R$ 155.339,00 em junho para R$ 1.999.061,00 seis meses depois; o Patrimônio Líquido foi de R$ 90.421,00 em junho para R$ 422.124,00, em dezembro; e o capital social, de R$ 104.814,00 em junho para R$ 430.798,000 em dezembro.

O crescimento foi paulatino, já com resultados positivos em todos os exercícios. Em 2000 os gestores decidiram dar um passo maior: compraram um lote na Rua 101, no Setor Sul, por R$ 160 mil, e construíram a bela e funcional sede própria, inaugurada no dia 11 de abril de 2002; conta com estacionamento no subterrâneo, agência com todos os requisitos, em especial de segurança, e quatro caixas operacionais. Mesmo assim, os seus cooperados são considerados, no Cooperativismo, os que melhor utilizam o sistema eletrônico, o cartão de crédito, nas suas transações financeiras. O cooperado se auto-atende, opera como quiser, facilitando a sua vida.

Na Assembleia Geral Ordinária de 2007, no dia 23 de março, os novos dirigentes foram eleitos em clima de festa, com uma bela apresentação do cantor Jair Rodrigues.

Os bancos convencionais diferenciam seus clientes de acordo com o capital investido e as aplicações, fazendo com que a maioria dos correntistas não seja beneficiada com a redução nas taxas de juros. “No Cooperativismo de Crédito os serviços são idênticos para todos os sócios, sem distinção”, afirmaram. Além disso, os bancos costumam embutir em seus serviços cobranças muito onerosas, o que representa grande diferença no valor final do financiamento, se comparado com uma Cooperativa de Crédito. “As estratégias das instituições financeiras comuns são as mais variadas; por isso o contrato deve ser muito bem observado. As Cooperativas têm objetivos muito diferentes e por isso saem na frente quanto a benefícios aos cooperados”, afirmou.

O Sicoob Credijur, em parceria com a OAB-GO, publicou a Seleção de Acórdãos do Conselho Administrativo Tributário (CAT), da Secretaria da Fazenda, na versão impressa, de 1998 a 2012, trabalho de grande utilidade para o advogado tributarista.

O Sicoob Credijur sempre buscou satisfazer as necessidades financeiras de seus cooperados com valores e condições melhores. Para atingir esse objetivo, conta com um quadro técnico muito qualificado e pratica, com prioridade, os princípios que orientam o Cooperativismo de Crédito. Promove uma gestão democrática, com a participação de todos os seus membros, dando-lhes autonomia e independência, e cumprindo sempre as decisões das Assembleias. Em sua linha de ações, a Cooperativa prioriza a educação, pratica a formação técnica de seu quadro profissional e disponibiliza total informação aos usuários quanto a seus serviços, com interesse pela melhoria da comunidade em que se insere.

Na moderna concepção do Cooperativismo, a Credijur transfere a seus cooperados todas as vantagens legais de que é beneficiária, motivo pelo qual pode oferecer juros menores e remunerar mais os investimentos nela praticados por seus associados, pois opera exclusivamente com eles. Além da qualidade dos bons negócios, a Cooperativa mantém uma estrutura operacional destinada a atender os cooperados, para que possam contar com atendimento imediato. Dispõe de linhas de financiamento para aquisição de equipamentos de informática e veículos, e para ampliação do espaço fisico do escritório, além de diversificada linha de operações.

Os serviços à disposição dos cooperados são todos aqueles da linha bancária: contas correntes; cobranças ativas e passivas; débito automático em conta corrente; home banking para pagamentos imediatos e programados, consultas, extratos e transferências; serviços de auto-atendimento por telefax; recebimento de contas e tributos; operações de seguros; Emissão de Documento de Crédito (DOC); Transferência Eletrônica Disponível (TED); Depósito entre Cooperativas (DEC) etc.

Atendimento personalizado

Em relação a outras cooperativas e bancos, a Credijur destaca-se ao oferecer atendimento exclusivo, personalizado e de primeira linha; estimula o desenvolvimento econômico no interesse comum dos cooperados; e assistência financeira privilegiada aos associados. Para a advogada Cristiane Amaral Beffart, o diferencial da instituição em relação aos outros bancos é o atendimento pessoal em tudo que precisa. “É exclusivo. Você chega, o gerente vem falar com você e não tem fila. Já movimentei em três bancos e hoje estou apenas na Credijur”, afirma.

O advogado Alexandre de Morais Kafuri, cooperado há mais de seis anos, acredita que a parceria entre a OAB-GO e a Credijur é fundamental. “Essa ação é necessária, pois o advogado exerce sua profissão e conta com uma instituição financeira que apoia a categoria”, afirma. José Ricardo Roquete é advogado e cooperado na Credijur desde a fundação, sendo sua conta a de número 2. “O serviço é excelente, o advogado é tratado como uma pessoa física ou jurídica, não apenas como uma conta. O melhor é que o atendimento é humano”, completa.

O Sicoob Credijur criou uma linha de crédito para pagamento da anuidade da OAB-GO. A proposta permite que aproveite o desconto de antecipação de 10%, concedido a quem faz o pagamento até fevereiro. O empréstimo pode ser feito em até seis parcelas mensais com juros reduzidos. A linha de crédito é uma opção mais facilitada, com débito em conta corrente do associado da Credijur. “Se feita em seis parcelas, o advogado terá pago valor menor que a anuidade integral”, afirmou o então gerente geral Gilson Purcena. Por esse sistema, a primeira tem vencimento 30 dias após a assinatura do financiamento.

2014

A Cooperativa de Crédito dos Advogados distribuiu em 2014 o total de R$ 3.794.392,00 a seus cooperados, referente às sobras líquidas do exercício, conforme dados apresentados na Assembleia Geral Ordinária realizada em 10 de abril de 2015. As sobras alcançaram R$ 3.554.002,35. De acordo com o presidente Felicíssimo Sena os números são satisfatórios. “Nós trabalhamos em regime de bastante segurança, evitando riscos exagerados porque, naturalmente, se corrêssemos muitos riscos, aumentaríamos nossos resultados. Entendemos ser razoável não submeter nossos cooperados a riscos para, simplesmente, aumentar resultados. Alcançamos resultados ideais, que é o que apresentamos nessa Assembleia”, disse ao jornal “A redação”.

As sobras foram creditadas no capital social de cada cooperado, estimulando o crescimento da Cooperativa para que atenda melhor o seu quadro social. “A distribuição é feita proporcionalmente à movimentação de cada cooperado. Quem mais utiliza a Cooperativa recebe maior crédito no capital social”, pontuou. Outro dado apresentado na Assembleia Geral se refere ao Patrimônio Líquido da Credijur, que engloba capital e fundos e saltou de R$ 13,9 milhões, em 2011, para R$ 21,6 milhões, em 2014.

Na Assembleia Geral Extraordinária, também realizada no dia 10 de abril de 2016, Felicíssimo, Érico Fleury e João Cavalcante foram eleitos para mandato até 2019; um dos objetivos da nova gestão será buscar mais adesões à instituição. “Nós temos possibilidade e esperamos aumentar o número de cooperados, pois a quantidade de advogados aptos a cooperarem conosco é expressiva. Esse universo está bem atendido e satisfeito conosco, tanto que nossa movimentação é bastante saudável e positiva”, afirmam.

Oportunidades e apoio

Em 2001 o Sicoob Credijur foi pioneiro numa atividade: o incentivo ao estudo para cooperados, seus familiares e empregados da Cooperativa, com a utilização de recursos do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), por meio de bolsa que indeniza 50% do valor pago. Até 2013 foram beneficiadas 1.047 pessoas, oportunizando-lhes fazer o curso superior (878 contemplados) e a pós-graduação, utilizada por 171 associados em cursos na Escola Superior de Advocacia de Goiás (ESA-GO).

Um dos beneficiados foi o executivo Valcir Franco, que trabalhava na farmácia do pai quando decidiu mudar de vida e entrou na Credijur, com 21 anos, no dia 18 de novembro de 1999, como auxiliar de contabilidade; passou pela Tesouraria e atendimento. Aproveitou todas as oportunidades, inclusive a bolsa estudo, que lhe permitiu concluir o Curso de Direito, e atualmente é Gerente da Cooperativa.

Outra iniciativa é o seguro prestamista, com alíquota de 0,06% do saldo devedor, que cobre o restante das prestações do empréstimo no caso de falecimento do tomador/correntista, oferecendo segurança às famílias. Dois exemplos nessa área foram os acidentes que vitimaram os advogados Luiz Carlos da Silva (Luizão) e Nilo Ferreira Macedo.

Ao longo de sua existência a Credijur tem realizado um expressivo trabalho social, atendendo a projetos de apoio a idosos, crianças e jovens carentes, de forma periódica. Como exemplo, construiu uma sala em Centro Espírita e forneceu medicamentos de alto custo, que estavam em falta, para o Hospital Araújo Jorge, unidade médica de referência, que dá assistência a portadores de câncer.

Depoimentos

  • Felicíssimo José de Sena, fundador e presidente do Sicoob Credijur
  • Valcir Franco, gerente do Sicoob Credijur

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