“Romãozinho” constituiu-se num marco importante e inovador nas áreas da cultura e da educação em Goiás
Há 30 anos, a convite do cartunista Jorge Braga, participei de um ousado projeto cultural e educativo em Goiás: a criação, produção e circulação de um gibi, tendo como personagem principal Romãozinho, extraído do folclore regional.
Diz a lenda que é um menino, filho de agricultor, que nasceu vadio e malcriado. Tinha uma aparência ruim. Adorava maltratar os animais e destruir as plantas. Ele fez uma maldade com sua mãe que virou tragédia, foi amaldiçoado por ela e desde então o moleque, que nunca cresce, anda pelas estradas, fazendo o que não presta. Quebra telhas a pedradas, assombra gente, tira choco das galinhas. É pequeno, pretinho como o Saci Pererê, vive rindo e é ruim.
A lenda é bastante conhecida em Goiás, no leste da Bahia, parte do Mato Grosso e no Maranhão. Os primeiros relatos sobre ele, datados do século XX, são do distrito de Boa Sorte, no município de Pedro Afonso, que pertencia a Goiás e faz fronteira com o Maranhão.
A história, contada pelos escritores Bariani Hortêncio e Marietta Telles Machado, entusiasmou o cartunista Jorge Braga. Cinco anos antes, ele e Phaulo Gonçalves tinham lançado o primeiro gibi de Goiás, o “Badião”, para gente grande.
Surgiu então, como registrou o escritor Luiz de Aquino na primeira edição, “um gibi para criança pequena, criança grande e criança que finge que não é mais criança – essa gente de cara fechada que gosta de fazer os outros pensarem que tudo é sério e que humor não é coisa séria”.
O Romãozinho criado pelo talentoso Jorge Braga marcou: é um menino que apronta todas, mas, ao contrário do original, não é malvado e sim um líder em sua comunidade, responsável, sempre com bons planos, que gosta de brincar e de conviver com os amigos, defende a natureza, as plantas e os animais, e faz o bem.
Era o ano de 1987 e a revista “Romãozinho” preencheu uma lacuna na área, como jogos, passatempo para ler, colorir, conhecer documentos importantes, como a Declaração dos Direitos da Criança, as datas cívicas, e, em especial, para entrar no mundo de travessuras do protagonista. Ainda, indicava locais para visita em Goiânia, como os Parques Educativo, com seu Zoológico, e Mutirama, com seus brinquedos.
Infelizmente, na época, não conseguimos apoio financeiro e o projeto, ousado para Goiás, durou um ano e não avançou.
Foram oito edições juntos, agora compartilhadas no site da Editora Naves, que sucedeu a Editoriarte.
Persistente, Jorge continuou com o projeto.