João Naves de Souza e Elza Abadia
Simpático, bom de prosa, João Naves de Souza, mato-grossense de Alto Taquari, completou 75 anos no dia 19 deste mês, gosta de conversar e o papo vai longe. Lembra dos tempos difíceis de sua época de criança, quando os pais tinham uma fazenda com gado e plantavam lavouras, mas não encontravam compradores, que apareciam de vez em quando. O município, que fica na divisa com os estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, entre as bacias fluviais dos rios do Prata e Tocantins, foi emancipado em 1986 e todos enfrentaram muitas dificuldades.
Os pais, Domingas Naves de Souza, mineira, e Félix de Souza Pina, baiano de Angical, município que fica próximo à divisa com Goiás, tiveram bom relacionamento e eram muitos trabalhadores. Félix veio da Bahia montado num burro, numa caravana que estava à procura de garimpo e se instalou na região, casou-se e formou família. Ele teve uma primeira mulher, coincidentemente chamada de Domingas, que nunca mais viu desde quando se mudou e nem teve notícias dos familiares que ficaram por lá.
A cidade inicialmente se chamava Cabeceira; depois, Taquari, em homenagem à nascente, próxima à sede municipal, do rio Taquari, termo tupi para uma espécie de bambu, usado pelos indígenas que habitavam a área na fabricação de cachimbos e flechas. Alto Taquari foi formada em 1938 como distrito policial e elevada a cidade pela Lei 4.993, de 13 de maio de 1986. Em 2017 tinha 11 mil habitantes.
Política
Um dos caçulas, João Naves de Souza fez apenas o curso primário, numa dura jornada em que andava a pé 12 km para ir à escola, e a deixou para trabalhar, tocar as lavouras na fazenda do pai e nas empreitadas dos vizinhos que o contratavam para a derrubada de matas, limpeza do terreno e plantio. Isso até a chegada dos gaúchos, que mecanizaram esse processo e deram um novo ritmo à atividade agrícola. Ele se filiou ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro, foi eleito Vereador em três mandatos, a partir de 1986, quando ocupou a Presidência da Câmara Municipal em duas legislaturas, e Prefeito em um mandato, de 1997 a 2000.
Foi eleito o quarto Prefeito de Alto Taquari, estava entusiasmado em realizar pela sua cidade, e assumiu a Prefeitura numa condição muito difícil: sem recursos, com pessoal em excesso e muitas demandas. Graças ao seu bom relacionamento, conseguiu verbas com o senador Carlos Bezerra e a deputada Tetê Bezerra, ambos também do PMDB, o que possibilitou reverter a situação e fazer obras.
Dentre essas, asfaltou as ruas principais; como não tinha água e apenas dois poços semiartesianos, construiu diversos poços artesianos; adquiriu um prédio no centro da cidade e o transformou na sede da Prefeitura, que permanece até hoje; construiu um Posto de Saúde e um estádio de futebol. A folha de pagamento era alta e a arrecadação mínima, o que o levou a demitir 80 funcionários – a situação estava tão difícil que, ao assumir, muitos servidores estavam com salários em atraso de até seis meses. Regularizou a situação de todos,
Atualmente é o presidente do Diretório Municipal do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Família
Domingas Naves e Félix tiveram 11 filhos, dos quais apenas dois estão vivos. Epaminondas Naves de Souza, já chegando aos 80 anos, mora em Alto Araguaia, MT.
João casou-se com a conterrânea Elza Abadia Gomes, sete anos mais nova, filha de Itagiba Gomes e Maria Bárbara. O casal teve quatro filhos: Sheila Cristina, de 1974, Sandra, Shirley e Cíntia Naves de Souza, que faleceu.
Como desejava muito ter um filho homem, certo dia conheceu um jovem casal, com uns 14 anos cada um, que, sabendo de seu desejo, ofereceu o seu filhinho, que ainda não estava registrado, com aparência frágil e muito doente, que o deixou com pena. Foi em casa, conversou com a mulher e as filhas. Ele voltou a conversar com o casal e, por fim, Elza buscou a criança.
A primeira providência foi levá-lo ao médico, para uma consulta, exames e medicação, comprar roupas, pois só teve mulheres, e conversou com um advogado, para regularizar a adoção. A criança recebeu o nome do avô, Félix, foi bem acolhido e logo se integrou ao ritmo da família.
Uma reclamação dos filhos é que João não colocou o sobrenome Naves em nenhum deles, o que está sendo o desejo e todos. Duas netas, mais recente, ganharam esse privilégio: Isabela Naves, de Sandra Gomes de Souza e Eduardo Cristino Elizeche; e Sofia Naves Vialli, de Shirley Gomes de Souza e Rodrigo Vialli.
A primogênita Sheila Cristina atua na área de vendas, casou-se e mora em Primavera do Leste, MT; Sandra é chefe do Departamento de Recursos Humanos da Prefeitura Municipal e casada com Eduardo; e Shirley é enfermeira em Rondonópolis, MT. Félix formou-se em Educação Física e em Segurança do Trabalho, é casado com Camila e moram em Rondonópolis.
Uma neta, Gabrielly, formada em Engenharia Civil, mudou-se para a Portugal, onde reside e trabalha.
Aposentado, leva uma vida tranquila, simples, de acordo com as suas economias. Tem casa própria e ajudou os filhos a conseguirem a sua casa.