General Zeca Netto
Gaúcho de Jaguarão-Chico, distrito de Herval, RS, nascido na sede da estância da família, Rincão dos Netto, em 26 de junho de 1854 – é citado também como natural de Bagé, RS, onde faleceu, e de Chapicuy, Paysandú, Uruguai –, o general de guerra José Antônio de Mattos Netto, que integra a sétima geração dos Naves brasileiros e era conhecido como General Zeca Netto, construiu sua bela história no Sul do país. Começou a estudar na Escola de Engenharia do Exército, onde ficou apenas um ano; em 1892 foi nomeado Delegado de Polícia em Camaquã, RS, depois de quatro meses recebeu a patente de Tenente Coronel do Estado Maior da Guarda Nacional e se tornou um comandante militar respeitado, sendo um dos principais líderes maragatos da Revolução de 1923.
Ele nasceu quando seus pais, Florisbelo de Sousa Netto e Raphaela Rodrigues de Souza Mattos, tinham 31 anos. Nascido em Piratini, RS, em 1823, filho de José de Souza Netto e Teotônia Bueno da Fonseca, Florisbelo casou-se com Raphaela, filha de Antônio de Souza Mattos e Anna Rodrigues de Senna – era sobrinho do general farrapo Antônio de Souza Netto, irmão de seu pai. O avô José de Souza Netto era filho de Francisco de Souza Soares e Anna Alexandrina Fernandes, e Teotônia, nascida em Vacaria, RS, em 1771, era filha de Salvador Bueno da Fonseca e Inácia Antônio de Araújo Rocha.
Seus bisavós: Francisco de Souza Soares e Anna Alexandrina Fernandes, pelo lado paterno; e, pela mãe, Salvador Bueno da Fonseca, nascido em 15 de maio de 1734, em Santana de Parnaíba, SP, e falecido em 1792, em Rio Grande, RS, filho do capitão João Bicudo de Brito e de Margarida da Silva Bueno, e Inácia Antônio, nascida em Itu, SP, filha de Luiz Antônio da Rocha, que nasceu em 1718, em Sé de Braga, Portugal, e de Gertrudes de Siqueira, nascida em Santana de Parnaíba, filha de José de Almeida Naves e Maria de Araújo.
Os trisavós eram o capitão João Bicudo de Brito, filho de Francisco Bicudo de Brito, que morreu em 1739 em Santana de Parnaíba, e Maria de Almeida Naves, falecida em 1738; e Margarida da Silva Bueno, filha do capitão-mor Francisco Bueno Luiz da Fonseca, que nasceu em 1656 em Santana de Parnaíba, ali residindo por muitos anos e depois foi para o sítio de Vuturuna no Rio das Mortes, e morreu em 12 de abril de 1792, e de Maria Jorge Velho.
Luiz Antônio da Rocha e Gertrudes de Siqueira casaram-se em Itu, SP, em 1744.
Tetravós, Francisco Bicudo de Brito e Maria de Almeida Naves casaram-se em Santana de Parnaíba em 1690; ele era filho do capitão João Bicudo de Brito e de Anna Ribeira, ambos nascidos em São Paulo; ela, filha de João de Almeida Naves e Maria da Silva Leite.
Trajetória
O general José Antônio de Mattos Netto, de acordo com o livro “Memórias do General Zeca Netto”, de Sérgio da Costa Franco, com nota biográfica do filho do militar gaúcho, Ruy Castro Netto – citado por Paulo Mena em sua coluna no facebook – foi um dos principais líderes maragatos da Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul.
Aos 12 anos, já em Porto Alegre, estudou no Colégio Fernando Ferreira Gomes, onde se encantou com a história romana e seus feitos militares. Com 18 anos ingressou na Escola de Engenharia do Exército, ficando lá por um ano; depois, voltou para retomar os negócios da família na República Oriental do Uruguai.
Em 1892 foi nomeado Delegado de Polícia em Camaquã, RS, onde, depois de quatro meses, recebeu a patente de Tenente Coronel do Estado Maior da Guarda Nacional.
Na Revolução Federalista de 1893 teve forte atuação na região sudoeste do estado, lutando nas forças do general pica-pau Xavier da Câmara e do general pica-pau Barcelar, por muitas vezes combatendo as tropas de Gumercindo Saraiva.
Em 1908, Zeca Netto, como homem metódico e empreendedor, mandou vir da Itália algumas famílias da região arrozeira daquele país, a fim de iniciar seus empreendimentos de forma racional – com a experiência da agricultura do velho mundo ele implantou a orizicultura no Rio Grande do Sul.
Na Revolução de 1923, Zeca Netto rompe com o Governo do Estado e se alia ao movimento revolucionário, sendo o primeiro chefe a levantar-se em armas no sul do Estado contra os chimangos de Borges de Medeiros; a área de atuação de sua brigada foi na região sudeste do Estado, tendo por diversas vezes combatido as forças do coronel da Brigada Militar Juvêncio Lemos.
Zeca Netto usou os maiores cabos-de-guerra do mundo ocidental como fonte de inspiração, para seus feitos militares, dentre eles César, Alexandre o Grande e Napoleão Bonaparte – adotou o combate em movimento como tática de guerra. Seu grande feito militar na revolução foi a tomada do município de Pelotas, em 29 de outubro de 1923, onde contou com grande apoio da população local – a tomada tinha por objetivo forçar a intervenção do Governo Federal no estado, o que acabou acontecendo com o Tratado de Paz de Pedras Altas, quando ficou acertado que Borges de Medeiros não iria concorrer mais à reeleição a Presidente do Estado.
Sua fama logo após a revolução de 1923 era cantada nos galpões em forma de setilhas (estrofe rara de 7 versos):
“Lá de trás daquele cerro passa boi/
passa boiada/
Também passa o Zeca Netto/
No seu cavalo tordilho/
Com o toso a cogotilho/
Repontando a chimangada/
Como tropa de novilho.”
Em 1924 se exilou no Uruguai; em 1926 invadiu novamente o estado pelo município de Bagé, com o objetivo de protestar pela eleição do presidente Washington Luís. Após o protesto retornou ao Uruguai.
Regressando ao Rio Grande do Sul em 1930 a convite de Oswaldo Aranha, iniciou a reconstrução de seus bens, depredados e saqueados em sua ausência pelas tropas chimangas.
Foi o primeiro Prefeito de Camaquã, nomeado.
Às sete horas do dia 22 de maio de 1948, na sede da Estância da ‘Chacra’, chamada de Forte Zeca Netto, faleceu aos 94 anos e foi sepultado no cemitério São João Batista em Camaquã.
José Antônio de Mattos Netto casou-se três vezes – com Maria Cândida Castro, Antônia Matos de Oliveira e Otelina Pires – e teve 12 filhos, dentre os quais Marinna Netto, de 1874, José Antônio Netto, de 1876, Ana Raphaela Netto (30.05.1909 – 1989), José Antônio Netto Júnior (1911 – 1985), Anna Teotônia Netto (1912 – 2003) e Ruy Castro Netto (1916 – 1988). Há registro de uma irmã, mais velha, Ana Gabriela de Souza Mattos, nascida em 1847.