Cida e o filho Plínio (Foto do álbum de família)

Quinta de oito irmãos, que nasceram em 13 anos – de 1940 a 1953 –, de uma família com poucos recursos financeiros, muitas necessidades e todos trabalhando para ajudar nas despesas e cada um contar com seu dinheiro para as despesas mais imediatas, Maria Aparecida Naves tem boas recordações de sua vida. Goiana de Anicuns, onde apenas nasceu, ela gosta de relatar sua trajetória, mesmo diante das muitas dificuldades enfrentadas, e as oportunidades que a vida lhe ofereceu e soube aproveitar.

Estudou até o II Grau, completando o curso técnico de Contabilidade, que começou na Escola Técnica de Comércio Dom Marcos de Noronha, que funcionou no centro de Goiânia e onde fez dois anos, e concluiu no Centro de Ensino Médio Elefante Branco, em Brasília, e se dedicou, durante toda a sua carreira no Setor Público, à área de finanças. Posteriormente, fez apenas dois anos do curso de Psicologia, no Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB), já transformado em Centro Universitário.

A grande chance em sua vida surgiu quando se mudou para Araguari, MG, a cidade natal de seus pais, Cornélia Naves Veloso e Manoel Veloso Naves, que eram primos, ambos de 1912 e ela 20 dias mais velha do que ele. Ficou na casa da prima Matilde Debs, por três anos; depois voltou a morar com a mãe; conseguiu emprego no 2º Batalhão Ferroviário (Batalhão Mauá), que ficava nessa cidade do Triângulo Mineiro, onde permaneceu uns quatro anos, e tinha como comandante o então coronel Ênio dos Santos Pinheiro.

Em 1968 retornou para Goiânia, quando a mãe ganhou uma casa, e trabalhou em alguns lugares. No início de 1972 recebeu um telegrama do agora general Ênio Pinheiro, já diretor da Escola Nacional de Informações (EsNI), em Brasília, que estava recrutando quem havia trabalhado com ele no Batalhão Mauá para ir para a EsNI, e em março se mudou para a Capital Federal. Foi tudo muito rápido e teve que decidir também rapidamente, aceitando o convite. Quando lhe perguntaram se precisava de um veículo para transportar sua mudança, ficou com vergonha de dizer que não tinha móveis e nada de especial para levar e se esquivou, dizendo que ela mesma iria levá-la; só juntou suas roupas e algumas vasilhas. A casa que a Marinha lhe reservou já tinha tudo montado, o que facilitou organizar a sua rotina.

Começou uma vida nova na EsNI, criada em 1971 para oferecer melhor formação teórica e prática aos agentes do Sistema Nacional de Informações. Cuidava de sua tarefa, nas finanças, e não podia falar, por segurança pessoal, que trabalhava para o Serviço Nacional de Informações (SNI), onde ficou, na parte administrativa, até 1975, quando terminou seu contrato e se preparou para prestar concursos. Orgulha-se de ter conhecido, na época, os generais Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel.

Caminhos

         Cornélia e Manoel já tinham dois filhos – a mais velha, Maria Helena, nascida em Araguari, em dezembro de 1940, e o segundo, Romildo, em Corumbaíba, GO, em outubro de 1942 – quando se mudaram para Anicuns. Nessa cidade do Oeste goiano nasceram o terceiro filho, Antônio, em novembro de 1943; e o quarto, João, em abril de 1945. Cida, como era tratada por todos, chegou em 25 de maio de 1947, mas ficou pouco tempo, pois a família decidiu se mudar para a vila de São Geraldo, que integrava o município de Goiânia. O sexto filho, Carlos, nasceu nesse distrito da Capital, em janeiro de 1950; e os dois últimos são goianienses: Douglas, o sétimo, é de fevereiro de 1951; e Izabel, oitava, de outubro de 1953.

Em Anicuns, o pai trabalhou na fazenda ‘Barreiro’. Goianira, o antigo distrito de São Geraldo, foi a parada seguinte, indo para a fazenda ‘Boca da Mata’, onde os avós paternos, Belizandra Veloso Naves e Urias Veloso Pereira, tinham uma fazenda, e ali estudou o primário com a tia Márcia Veloso Naves; e ficaram as boas lembranças do avô Urias: era exímio construtor de carros de boi, que produzia garapa e rapadura, e a ensinou, ainda criança, a manejar uma arma de fogo, sendo até hoje uma boa atiradora. Depois, uma curta temporada no vizinho município de Caturaí; logo após, na direção contrária, foram para Trindade, onde Manoel trabalhou em duas fazendas: ‘Arrozal’ e ‘Barro Branco’ e, finalmente, a família se instalou na Capital goiana, onde nasceu a última irmã, Izabel.

Cida começou o curso ginasial no Colégio Estadual ‘Professor Pedro Gomes”, no bairro de Campinas, em 1960, lembrando-se da diretora, dona Lígia Maria Coelho Rebelo, e da filha dela, professora Maria Helena, que tocava piano.

A ida para Araguari oportunizou o trabalho no Batalhão Ferroviário e o convite posterior para ir para Brasília. Foi aprovada em concursos para o Ministério do Trabalho, em 1977, no ano seguinte para o Ministério do Exército e em 1988 para o Ministério da Fazenda, no qual se aposentou em 1995.

Não se casou e em 1987, em Brasília, teve seu único filho, Plínio, com quem depois se mudou para Goiânia, para estudar, tendo ele concluído o Curso de Educação Física na Universidade Salgado de Oliveira e atualmente

faz Administração na Universidade Estácio de Sá.

Em 2015, com o falecimento da irmã Maria Helena Naves, ela assumiu a guarda do seu irmão mais novo Douglas.

Cida e o irmão caçula Douglas (Foto do álbum de família)

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