Capa do CD do dr. Altair Camargo. A foto é da dra. Marly Arruda

Mais dois paradigmas acabam de ser superados pelo médico Altair Camargo, um lutador que, ao longo da vida, vem conquistando espaços e os ocupando, com sua simpatia e simplicidade. Como diziam que depois dos 60 anos não se faz amigos e nem se aprende mais nada, ele se rendeu a dois fatos novos: aprendeu a tocar violão, com o professor Ringo, maestro da banda Ciclone, que é “um novo amigo”, a quem agradeceu “pela paciência e dedicação durante as aulas e grande incentivador pela gravação do CD”, que está distribuindo aos amigos. O agradecimento se estendeu ao Marron, “amigo antigo”, ex-colega do futebol, arquiteto, contrabaixista e coordenador da banda Ciclone, “pelo profissionalismo e ‘milagres’ durante as mixagens e gravação do CD”. A foto da capa do disco é de sua esposa, a médica Marly Arruda.

Goiano de Catalão, onde seu pai era pedreiro e que se mudou para Ceres, GO, a convite do engenheiro Bernardo Sayão, quando estava formando a equipe para construção da primeira Colônia Agrícola Nacional em Goiás, no vale do São Patrício. O pai foi com a promessa de voltar para buscar a família se desse certo, pois ganhava 100 cruzeiros e Sayão ofereceu 500 cruzeiros; seis meses depois o caminhão estava no Sudeste goiano para levar a mudança. Recomendação de Sayão para quem estava se instalando em Ceres: criar cabras para alimentar as onças, que atacavam os acampamentos, e não se alimentar dos filhos dos trabalhadores que para ali se transferiram. Ele se lembra das cabras sendo atacadas à noite.

Bom contador de histórias, Altair se recorda de quando se mudou para Goiânia, para prestar vestibular. Queria Medicina, mas não tinha dinheiro para custear os estudos, nem mesmo fazer o curso preparatório, que era caro. Indicaram que fizesse Farmácia, mais barato e que poderia lhe abrir portas. Foi o que fez, passando com boa classificação, por ser estudioso. Concluído o curso pela Universidade Federal de Goiás, correu atrás da primeira oportunidade de emprego, como professor do Estado. Logo teve a primeira barreira: tinha sido presidente do Diretório Acadêmico dos estudantes de Farmácia, o que era um impeditivo de trabalhar no Setor Público, por ser considerada uma ação de contestação ao regime militar. A sorte é que um professor do Liceu de Goiânia não pôde continuar lecionando Química e o então diretor do colégio, professor Genesco Bretas, procurou a Faculdade de Farmácia para contratar o melhor aluno da disciplina para substituí-lo. Altair era esse estudante, foi indicado, resistiu e aceitou a missão; foi contratado como temporário, ganhando um salário-mínimo, quando os demais professores ganhavam um valor maior, de cinco salários-mínimos.

A experiência foi positiva e os amigos, sabendo de seu desejo de cursar Medicina o estimularam a prestar o vestibular, pois tinha boas notas e estava preparado. Ele fez o exame, gostou do tema da redação, “Não dê o peixe, ensine a pescar”, e da prova de Química, assunto que ministrava nas suas aulas. Na época, trabalhava como datilógrafo na Ordem dos Músicos de Goiás e ligou o rádio para saber o resultado. Como era por ordem decrescente, ficou desanimado, pois não aparecia o seu nome e foi a maior euforia ao anunciarem o número 22: Altair Camargo.

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