Antônio Domingos Naves e Diolina
Um personagem interessante da história da família é Antônio Domingos Naves, conhecido como Antônio Brás.
Pouco se conhece de sua trajetória e de seus ascendentes.
Ele teve um sítio em Monte Santo de Minas, quase na divisa com Itamogi, também em Minas, e ali criou sete filhos – seis mulheres e um homem. Era casado com Angelina Maria de Castro, que, com o casamento, acrescentou o Naves.
Seu neto, padre Joaquim Naves Pereira se lembra de algumas histórias contadas sobre ele, que falava da origem da família, que teria vindo da Espanha e se instalado nessa região mineira.
Antônio foi colocado num seminário, para ser educado, mas não ficou nem três meses; o pai não deixou: foi lá e o tirou para ir trabalhar com ele na roça, plantar lavoura e cuidar de animais. “Não quero filho para ficar vagabundeando. Tem que aprender cedo”, dizia.
Esse curto espaço de tempo, 90 dias, foi proveitoso para ele, que aprendeu a ler, escrever e fazer contas, chegando a ser administrador de diversas fazendas, com sucesso.
Ficou viúvo de Angelina, que faleceu no parto, juntamente com a filha, que recebeu o nome de Felicidade.
Com muitos filhos pequenos, casou-se com Diolina Martins, que era viúva e mãe de diversos outros filhos.
Um dia, Antônio ficou sabendo da grande movimentação em direção ao Norte do Paraná, onde estavam abrindo novas áreas para o plantio de café, e decidiu seguir esse caminho. Passou procuração para o genro, José, pai do padre Naves, vender o sítio e foi-se embora, indo parar em Sabáudia, então distrito que tinha sido desmembrado de Arapongas. O nome da cidade foi dado com a intenção de atrair europeus, em especial colonos italianos, o que aconteceu na década de 1950.
Foi um dos pioneiros que ali chegaram para trabalhar e reorganizar a sua vida.
Em outra ocasião ele se encontrou com o então senador Abilon de Souza Naves, mineiro de Uberaba e que fez carreira política no Paraná. Quando esteve num comício em Londrina, o parlamentar ficou sabendo que havia um primo dele morando em Sabáudia e providenciou, rapidamente, um jeito de conhecê-lo. Foam buscá-lo nessa cidade, quando tiveram a chance de uma boa conversa.
Antônio Domingos Naves faleceu de infarto fulminante com 82 anos, em meados dos anos 1970.
Marina
Uma de suas filhas, Marina Naves, então com uns 20 anos na década de 1970, tomou uma decisão que surpreendeu a todos. Resolveu se casar com um negro, chamado José Machado, agricultor, que morava em Eldorado, norte do Paraná. Nada se soube sobre seus familiares e outras referências.
O mistério era tanto que os dois praticamente não foram vistos juntos.
Ela sabia que o pai não aceitaria a sua iniciativa de se unir a um negro e teve receio de que ele agisse com preconceito. Por isso, não comentou nada com ninguém e arrumou tudo no mesmo dia, para não ter surpresas. Foi -se embora antes que o pai Antônio voltasse para casa.
No dia estabelecido entre os dois para essa união, ele chegou cedo, de ônibus, em Rolândia, não circulou pela cidade, foi ao cartório, assinou o termo, saiu sem ser notado e ficou escondido.
Os familiares de Marina chegaram, movimentaram a cidade naqueles instantes e ficaram entre eles.
Marina esteve no cartório, assinou os documentos oficiais e, no mesmo dia, voltou à sua casa, pegou seus pertences e sumiu, para ninguém mais ter notícias dela. Não se soube para onde foi, quando, nem de que forma. Apenas que desapareceu de circulação.
Ela colocou mensagem num programa de rádio da cidade dizendo que estaria indo embora para um lugar distante e quem desejasse vê-la ou conversar com ela que se apressasse. Conceição, mãe do padre e uma de suas irmãs, Luzia, que estava no banho, ouviram o recado dela, mas não conseguiram anotar. O encontro acabou não acontecendo e essa foi a única oportunidade que elas tiveram.
Se Marina estiver viva estará com 89 anos.