Marco Aurélio e Leontina
         Um homem de visão, empreendedor, que fez apenas até a quarta série primária, tinha facilidade com os números, fazia contas “de cabeça” e soube aproveitar as oportunidades econômicas que surgiram, Marco Aurélio de Freitas Cardoso Naves, mineiro de Douradoquara, onde nasceu em 1932, mudou-se para Goianésia, GO, na primeira metade da década de 1950. Filho dos mineiros Afrânio Cardoso Naves e Noêmia Leopoldina de Freitas, tinha experiência com a produção de queijos, ao trabalhar em laticínio em Monte Carmelo, MG, e com máquina de limpar arroz, quando aceitou o convite do empresário Jalles Machado de Siqueira para gerenciar a fazenda Itajá, no Vale do São Patrício goiano.
Em Goianésia, ele cuidou da Itajá, com uma expressiva plantação de café, ali montando um armazém de secos e molhados, para fornecimento de gêneros de primeira necessidade aos empregados da fazenda, como arroz, feijão e óleo a granel, e investiu suas economias, tornando-se empresário, tendo sido pioneiro em diversas atividades. Primeiro, instalou uma loja para revenda de tratores, a primeira na cidade; uma oficina de autopeças; o primeiro posto de gasolina, e depois outro posto de combustíveis; investiu em imóveis; montou uma fábrica de beneficiar arroz e uma fábrica de manteiga de leite, que alugou.
Atuou na política também. Participou da Convenção da Aliança Renovadora Nacional (Arena), realizada no dia 8 de agosto de 1970, que escolheu os candidatos do partido à Câmara Municipal de Goianésia nas eleições de 30 de novembro daquele ano, para mandato ‘tampão’ de dois anos, de 3 de janeiro de 1971 a 31 de janeiro de 1973 – ele se inscreveu, foi escolhido candidato, elegeu-se e presidiu a primeira sessão dessa legislatura, no dia 19 de fevereiro de 1971, quando foi eleito para presidir o Legislativo goianesiense naquele período.
Com Otávio Lage na inauguração do asfalto entre Goianésia e Jaraguá
Família
Marco Aurélio chegou casado em Goianésia, com a primeira mulher, Leontina Porfíria da Silva, mineira de Indianópolis, e ali foram gerados os quatro filhos – o parto dos três primeiros foi em Monte Carmelo: Sirlei Márcia, em 1955, Solange, em 1959, e Reginaldo, em 1960; e o quarto, Marco Aurélio Cardoso de Freitas, em 1967, é goianesiense.
Simples e levando uma vida modesta, que manteve até o final de sua vida, inicialmente a família morou na fazenda, em casa próxima à de Jalles Machado; dona Leontina, uma cozinheira de mão-cheia, gostava de produzir caixetas de goiabadas e bananadas. Dona Beatriz Lage de Siqueira adorava esses doces e sempre encomendava quando ia à fazenda para levar para Brasília, onde residia com o marido Jalles Machado, que era deputado federal.
Os filhos começaram a estudar na escola mantida na fazenda, e conviveram muito com o proprietário, com quem apreenderam a nadar na piscina existente ao lado da casa. De vez em quando, Jalles pegava as crianças e iam caçar perdizes nas redondezas. “Era uma convivência em família. Ele nos tratava como filhos”, disse a segunda filha, Solange Cardoso, citando as boas recordações daquele período.
A lida na fazenda era dura, com um movimento muito grande de pessoal, diante das atividades agrícolas, nas épocas de plantio e de colheita, e Marco Aurélio tinha uma tarefa difícil: resolver conflitos e situações diversas. Dona Leontina ficava preocupada com os problemas que surgiam entre os empregados, que acabavam brigando, criando dificuldades, e cabia a seu marido resolvê-las. Uma de suas missões foi cercar toda a fazenda com arame, para ter um melhor controle do gado.
Depois, a família se mudou para a cidade; Solange foi enviada para estudar, por três anos, no Internato Santa Marcelina, em Belo Horizonte, onde já estudava a filha do dr. Otávio Lage, Sílvia.
Antes, eles retornaram a Monte Carmelo, onde residiram por dois anos.
Fazendas
Marco Aurélio teve três fazendas. A primeira, em sociedade com o engenheiro Jair Lage de Siqueira, a ‘São Pedro’, local em que foi implantada a Cooperativa dos Produtores de Cana do Vale do São Patrício Ltda. (Cooperalcool), e posteriormente a Usina de Açúcar e Álcool Goianésia. Antes da criação dessa empresa, o tio dele, Sidônio Cardoso Naves, que era secretário do Ministério de Minas e Energia, falou com ele sobre o Programa Nacional do Álcool, na busca de alternativas ao petróleo, que tinha gerado uma grave crise na época, e o convidou a participar. Ele achou a ideia muito interessante, mas não aceitou assumi-la de frente, repassando as informações ao engenheiro Otávio Lage, que formou um grupo e implantou a proposta; Marco Aurélio fez parte.
A segunda fazenda era em Passa Três, depois de Barro Alto, GO, com lavouras de arroz, tendo sido um dos principais produtores de Goiás. Por último, a terceira, Porteira, no município de Dois Irmãos, GO, com 640 alqueires, dividida com o plantio de cana de açúcar e de soja.
Ferro velho
         Curioso e juntando peças, sempre dando utilidade a elas, Marco Aurélio acabou montando um grande ferro velho, onde se encontrava de tudo, em especial para máquinas e tratores. Quando faleceu, em 2013, os filhos venderam boa parte do material ali existente e cada um dos 11 filhos conseguiu, nessa transação, comprar um carro novo.
         Ele não gostava de jogar nada fora. Sempre arranjava um local para guardar as peças. Nesse grande galpão ele formou um estoque apreciável, que utilizava na medida em que as pessoas não encontravam as peças noutro local e recorriam ao Marco Aurélio.
Filhos
        Dos quatro filhos do primeiro casamento, com Leontina (foto), a primogênita, Sirlei Márcia, casou-se com João César Segantini, paulista de São José do Rio Preto, que inicialmente foi professor de inglês, depois montou uma loja de produtos veterinários e administra a fazenda em Passa Três. Eles têm um casal de filhos: Márcia Leopoldina, formada em Administração de Empresas e Veterinária, em Anápolis, que tem um filho, Gustavo Alves Cardoso Segantini; e Leonardo Henrique, odontólogo, formado pela UniEvangélica, de Anápolis, que mora e trabalha em Aracaju, SE.
         Formada em Ciências Contábeis pela Faculdade Anhanguera, em Goiânia, Solange não exerce a profissão; atua como administradora de bens. É divorciada e tem três filhos: Arnaldo Henrique, publicitário em Goianésia, que foi casado com Érica Matias Costa, que atualmente mora nos Estados Unidos, onde é cuidadora de crianças, e eles tem um filho, Gabriel Cardoso Costa, 20 anos, que também está nos EUA e faz o Curso de Finanças numa faculdade. E os gêmeos, ambos da área empresarial: Marco Túlio, que tem uma loja de calçados e esportes, casado com Amanda Carolina Peres, e dois filhos, Kaique e Isis; e Paulo Ricardo, que trabalha numa multinacional e tem uma filha, Giovana, com Napolitana Barcelos.
         Reginaldo de Freitas Cardoso, o terceiro filho, mora numa chácara e tem uma fazenda em Goianésia, onde cria gado leiteiro. É casado com Márcia Lúcia Fernandes e eles tem dois filhos: Fellipe Fernandes, formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, em 2005, e Lúcio Fernandes, empresário, casado com Degilza, e tem dois filhos: Luiz Eduardo e Luiz Felipe.
         Nascido em Goianésia, Fellipe Fernandes formou-se em Jornalismo e se especializou em Cinema, Escrita Criativa e em Gestão de Recursos Humanos, com MBA pela Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo. Fez carreira em São Paulo como executivo na área de pessoas, com foco em educação corporativa e desenvolvimento humano em multinacionais. Escritor, seu romance de estreia, “Sem mim não há dia”, pela Editora Urutau, foi selecionado como semifinalista, na categoria Prosa, do Prêmio Oceanos, um dos certames mais importantes da literatura em língua portuguesa, edição de 2024. É autor também de “Uma tragédia latino-sertaneja”.
Marco Aurélio Cardoso de Freitas, filho, estudou em Goianésia no Colégio Maria Imaculada e depois se mudou para Goiânia, estudando no Ateneu Dom Bosco, mas não concluiu o ensino médio, preferindo começar a trabalhar. Montou em Anápolis uma loja de materiais de construção e se casou com sua conterrânea Sorahia Queiroz Ferreira. O casal tem duas filhas. A primogênita, Amanda, formada em Administração de Empresas, trabalha com os pais, que criaram uma pequena rede: agora são duas lojas em Anápolis e uma em Goianésia, além de negócios no meio rural. Carolina, a caçula, formou-se em Medicina na UniEvangélica e faz residência médica em Radiologia em Brasília.

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