Criada no dia 17 de março de 1988, em Quirinópolis, por 23 agropecuaristas, a Cooperativa de Crédito Rural do Vale do Paranaíba Ltda. (Credirural Agrovale) nasceu como alternativa financeira para atuar no mercado e atender às necessidades de seus cooperados.

Na data foram aprovados o estatuto social, o capital de 23 mil cruzados e eleitos os dirigentes e conselheiros fiscais; começou suas atividades em fevereiro de 1989. Ao questionar a morosidade para a Cooperativa começar a funcionar, Lajose Godinho, que era secretário, foi indicado para a presidência na Assembleia Geral Extraordinária de 22 de maio de 1989.

“No começo era aquela dificuldade danada”, lembra Moacir de Freitas Gouveia, escolhido vice-presidente. Foi feita uma reunião do Conselho, na época, para capitalizar a Cooperativa, que precisava ter dinheiro. Um cooperado que entendeu esse chamamento foi Tito Goiano, que não era fundador, mas pessoa influente na sociedade. “A partir daí começamos a fazer um trabalho corpo-a-corpo com os produtores rurais para conseguir novos associados e aumentar o capital social”, completou.

Moacir de Freitas Gouveia – Diretor Administrativo Financeiro do Sicoob Agrorural

A autorização para funcionamento somente foi concedida pelo Banco Central em setembro de 1989. Logo no início de 1990 o presidente da República, Collor de Mello, fechou o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, deixando as Cooperativas sem poder descontar os cheques de seus associados. A situação só não foi pior, em Quirinópolis, porque a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale do Paranaíba Ltda. recebia os cheques nas compras de alimentos em seu supermercado.

Em 1991 a Credirural Agrovale iniciou a ocupação de espaço nas cidades do Vale do Paranaíba, via Postos de Atendimento ao Cooperado (PACs). O primeiro, com 340 cooperados, foi inaugurado no dia 1º de setembro daquele ano, em Itarumã. Quando Elson de Freitas foi receber o treinamento de gerente, um associado disse-lhe que eles estavam fazendo só um “agrado para o dr. Lajose”, porque o Posto não daria em nada, que seria fechado em 30 dias. O Gerente, ao final da primeira semana, encontrou-se com ele para relatar o episódio, que o deixou revoltado e o motivou a lutar para mostrar, com resultados, que o PAC era viável. Na primeira reunião, avaliaram os resultados e ficaram satisfeitos com os números, quanto a depósitos e capital, verificando que o PAC se pagava. O caminho estava construído, era só dar sequência.

O PAC de Paranaiguara, criado em 1º de outubro de 1993, tornou-se no seu segundo maior Posto e o melhor na captação de recursos. Um fato acontecido com um cooperado, Alcides da Costa Vieira, já idoso, criou uma decisão positiva para o quadro social. A Cooperativa sempre realizou reuniões festivas que antecediam a prestação de contas anual, quando os cooperados têm oportunidade de expor sua opinião, suas reivindicações e de conversar. Numa delas, ele disse que tinha uns 20 mil reais na cota capital e questionou se, quando tivesse 30 mil reais, poderia colocar a mão nesse dinheiro. Lajose explicou que, para retirar aquele valor, teria que sair da Cooperativa. Ele retrucou, dizendo que não queria daquela forma. O Presidente foi à Central e conversou com o advogado Armando Campos, que consultou o Banco Central sobre a possibilidade de devolução da cota capital por ocasião da aposentadoria do associado, de forma parcelada, mensal. O Banco Central autorizou e o Sicoob Agrorural decidiu colocar no estatuto a devolução da cota capital parceladamente, numa decisão pioneira e que serviu de modelo. Em 2011 eram mais de 200 associados que recebiam os 2% de sua cota capital. Hoje já tem várias formas dessa devolução, que se chama Resgate Programado da Cota Capital.

Mudança de nome

Em maio de 1995, acompanhando a decisão estadual que modificou o nome da Central, a Cooperativa mudou sua denominação para CrediGoiás Agrorural. Quando começou funcionava na sede da Agrovale, que tinha postos em várias localidades, uns 500 empregados e uma Cooperativa dos servidores, que adotou o nome de Cooperativa de Crédito Agrovale. As pessoas começaram a chamá-la de ‘Banco da Agrovale‘, o que levou a direção a propor a alteração de sua razão social. Os técnicos do próprio Banco Central não recomendavam uma Cooperativa de Crédito acoplada a uma de produtores rurais.

Lajose Alves Godinho – Presidente do Conselho Administrativo Sicoob Agrorural

A atuação de Lajose como presidente da Associação Nacional das Cooperativas de Crédito (Ancoop) foi dinâmica. Em debate no Congresso Nacional questionou uma decisão do Banco Central. Quarenta dias depois recebeu notificação para fechar os PACs de Itarumã, Caçu, Cachoeira e Paranaiguara em 30 dias; caso contrário seria aberto inquérito administrativo. Pegou a correspondência e foi a Brasília, à Casa Civil da Presidência da República, falar com o assessor Francisco (Xico) Graziano, que era cooperativista, explicando como tudo aconteceu e que no Rio Grande do Sul existiam mais de 60 PACs sem registro. Ele intercedeu e em menos de 30 dias saiu a Resolução nº 2.099, de 17 de agosto de 1994, do Banco Central, regulando o funcionamento dos PACs.

Desde 1998, anualmente, no mês de junho, a Cooperativa promove uma festa de confraternização em Quirinópolis, geralmente com a presença de duas mil pessoas, entre cooperados e visitantes, que já se tornou uma tradição na cidade. Anualmente é vendido o título de capitalização, com o qual o cooperado concorre a prêmios. Esse sistema cria a cultura de fazer crescer a Cooperativa para melhor servir ao próprio associado. No exercício de 2002 o Patrimônio Líquido atingiu R$ 6,9 milhões.

Outra iniciativa da Cooperativa tem sido o estímulo à poupança, num trabalho educativo e permanente, começando pelas crianças.

A Cooperativa, em reunião no Sindicato Rural, decidiu reabrir o PAC de Caçu, em 2 de maio de 1999. Nesse ano a Cooperativa começou a discutir a participação dos empregados nos resultados positivos de cada ano e implantar iniciativas que somaram no estímulo à sua maior participação, garantindo-lhes maior segurança na atividade. Como exemplo, os cursos de capacitação; o Plano Saúde Unimed, assegurando-lhes mais proteção; e seguro de vida em grupo, para minorar transtornos econômicos caso lhes ocorram uma eventualidade.

Era tradição os conselheiros de Administração participarem somente das reuniões ordinárias mensais, quando tomavam conhecimento dos problemas enfrentados pela instituição, assinavam a ata e voltavam para seus afazeres, deixando para os gestores a tarefa de resolvê-los, e só retornavam no mês seguinte. Foi quando se decidiu mudar esse quadro, criando comitês que permitiam maior participação. São oito comitês: Executivo de Crédito, Diretor de Crédito, de Recuperação de Crédito, de Seguro, de Bolsa de Estudo, de Cursos Básicos, de Educação Cooperativista e Financeiro da Festa de Confraternização. E quatro comissões, para os conselheiros fiscais: Eleitoral, de Construção, de Festas e julgadora de candidatos a cursos. Para motivá-los, foi criado um valor para a cédula de presença e mais 0,3% sobre o resultado das sobras anuais.

Inovações

Nesse período começou a discussão sobre governança corporativa, representada pelo conjunto de relações entre gestão de uma empresa, seu Conselho de Administração, Diretoria, auditoria independente e Conselho Fiscal, para otimizar o desempenho e facilitar o acesso ao capital. Foi adotado um processo mais envolvente, com a participação dos integrantes dos dois conselhos, auditores e colaboradores. Outra inovação: os conselheiros fiscais nas reuniões do Conselho de Administração, enriquecendo-as com suas observações quanto ao trabalho e também no encaminhamento das providências nas avaliações mensais que faziam.

Em 1999 foi implantada a política de metas e prioridades, definidas cuidadosamente e apresentadas nas Assembleias de prestação de contas do exercício, quanto a sobras para o exercício seguinte. Isso permitia à administração planejar e acompanhar o desempenho da Cooperativa, buscando resultados mensais mínimos para se atingir o objetivo para o ano.

Na Assembleia de prestação de contas de 2001, a Diretoria defendeu a criação do Comitê de Educação Cooperativista na sede e nos PACs.

Sempre preocupou a Diretoria a dificuldade do crédito rural e dispor de tecnologia avançada para oferecer ao cooperado, especialmente o pequeno produtor rural. Nos anos de 2001 e 2002 conseguiu aprovar uma disponibilidade de recursos próprios da Cooperativa, na ordem de R$ 400 mil, ao associado, a juros de 8,75% ao ano. Dentre os objetivos, para que o pecuarista possa plantar até dois alqueires, com assistência técnica do agrônomo, e a devida correção do solo, para, na colheita, ter o seu paiol cheio, como medida preventiva em caso de seca.

Em junho de 2002 foi inaugurada a primeira sede própria da Credigoiás Agrorural em Quirinópolis, com todos equipamentos para oferecer conforto e tranquilidade aos usuários e colaboradores. Em março o PAC de Itarumã inaugurou sua sede própria.

Em fevereiro de 2006 alterou seu nome para Cooperativa de Crédito do Vale do Paranaíba Ltda., com a sigla Sicoob Agrorural, devido à unificação das filiadas ao Sicoob. Depois, tornou-se a primeira Cooperativa goiana de livre admissão, devidamente autorizada em abril desse ano pelo Banco Central. Com a iniciativa, registrou um aumento médio de 50% no volume de depósitos, saltando de R$ 6,3 milhões para R$ 21,5 milhões em três anos; e permitiu a expansão do número de PACs, de cinco para 11, e, como consequência, o quadro social passou de 1.697 cooperados, em 2006, para 3.599 em 2008.

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