O momento financeiro ainda estava meio confuso, depois de tantos planos econômicos, o que motivava discussões entre os mais diversos profissionais sobre as alternativas para suas aplicações. Em 1995, em pleno Governo de Fernando Henrique Cardoso, quando já se permitia enxergar uma luz no final do túnel, o Banco Central só permitia a criação de Cooperativas de Crédito de uma determinada profissão ou atividade afim. Os médicos, por exemplo, tinham sido mais ousados, criando a Unicred, e isso incentivou um grupo de odontólogos a seguir o exemplo e também ter a sua instituição de crédito. Com um detalhe: no grupo não havia nenhum expoente da sociedade ou mesmo da política, só a turma da faixa média, o que de uma certa forma dificultava o andamento das providências. Mesmo assim, eles decidiram seguir em frente e fundaram, no ano seguinte, dia 14 de agosto de 1996, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Cirurgiões Dentistas de Goiânia e Região Ltda., com a sigla Odontocred e o apelido de Banco da Odontologia.

A experiência foi rica, mas saiu cara para os fundadores, que logo se depararam com dificuldades diante da falta de conhecimentos, de contratação de pessoal sem estrutura para as funções gerenciais e por ingenuidade deles próprios. Uma chamada de capital para resolver algumas pendências deixou alguns colegas insatisfeitos, mas participaram solidariamente. O passo mais importante, abrindo oportunidade a outros segmentos, quando foi possível, representou um divisor de águas e a recuperação dos espaços perdidos. Com a sua transformação, autorizada pelo Banco Central, em Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Micro-Regiões de Goiânia e Adjacentes Ltda. e a sigla Sicoob Credisaúde, no dia 7 de fevereiro de 2012, a situação mudou radicalmente.

Essa trajetória e a diversificação do quadro social ficaram gravados em dois momentos distintos: a parceria, desde o inicio, com a Cooperativa de Trabalho dos Cirurgiões Dentistas (Uniodonto), sendo cooperada, desde o começo fazendo sua movimentação financeira na Cooperativa e tendo ações em conjunto, como a Cooperfesta, e outras entidades, como a Seção de Goiás da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). E o apoio aos novos cooperados, como o grupo que tem à frente o empresário Rafael Lozovey e o arquiteto Fernando Rocha Galvão que, depois de um passeio pela Europa, conheceu, em Portugal, vinícolas renomadas e decidiu criar uma empresa importadora de vinhos, a Viniclube. Eles procuraram o Sicoob Credisaúde, abriram conta e solicitaram capital de giro para tocar a nova empresa, há dois anos. A parceria vai bem, e o grupo já anuncia a montagem da Universidade do Vinho, expandindo suas atividades.

Maior entusiasta da Cooperativa e seu primeiro presidente, Antônio Borges dos Santos Neto foi quem trouxe a ideia, de administrar os próprios ganhos sem ter os custos elevados dos bancos, e estimulou o debate entre os colegas de profissão. As conversas se prolongavam, quando alguém lembrava que não entendia nada de finanças e menos ainda de Cooperativa. Depois, procuraram a Central e a Unicred, buscando informações e a compreensão desse processo. Foi quando decidiram ir em frente com a proposta.

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Dr. Álvaro José Amaral Mateus

Uma conversa com o empresário Otávio Lage, no frigorífico Goiáscarne, quase esfriou os entendimentos. Português e um dos líderes do movimento pró-Cooperativa, Álvaro José Amaral Mateus tinha amizade com o ex-Governador e, convidado, decidiu almoçar com ele naquele dia, quando falou das discussões que estavam tendo. E recebeu um recado, em tom de brincadeira, mas falando sério: “Vocês querem brincar de ter um banco?”, indagou-lhes.

A observação não os desestimulou, fazendo com que aprofundassem o debate e tomassem a decisão de criar a Cooperativa. Trinta e quatro fundadores contribuíram individualmente com R$ 200,00, resultando num capital social de R$ 6.800,00. Foi um início difícil, já que havia pouca experiência na área financeira e o perfil dos associados era desconhecido. Começaram a funcionar com pessoal indicado mas que, com o tempo, demonstraram não ser as pessoas ideais para a função, viram que a situação era mais complicada, e só mais adiante entenderam todo o processo.

Já no primeiro ano um grande prejuízo, de R$ 300 mil, tornando o Patrimônio Líquido negativo e acendendo o sinal vermelho, pois uma empresa com PL nessa circunstância estava quebrada. Logo chamaram os colegas cooperados, mostraram o quadro delicado e a solução apareceu, para desgosto de muitos: uma forte chamada de capital para cobrir o rombo. Tiveram que meter a mão no bolso e pagar a conta.

Instalada inicialmente em sala num prédio comercial, de 60m², a Cooperativa cresceu, com alguns tropeços, mas consciente do seu papel e do seu futuro. Com as mudanças na legislação e diante das necessidades mercadológicas, teve sua razão social alterada para Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais de Saúde de Goiânia e Região Ltda. (Credisaúde) no dia 25 de novembro de 1999 e, oito anos depois, alterada para Cooperativa de Crédito Mútuo dos Profissionais de Saúde de Goiânia e Região Ltda. em 19 de setembro de 2007. Cinco anos depois é que conseguiria a livre admissão. Está em sede nova, não própria, mas construída para atender o que precisa, em projeto de associados, que executaram a obra e alugaram o espaço.

Após esses anos, com um corpo de colaboradores preparados e capazes, uma gerência formada por profissionais da área financeira, uma contabilidade competente e recursos modernos, a Credisaúde é uma realidade e vem prestando incontáveis serviços ao seu corpo de associados prestigiando eventos da Odontologia e das profissões de saúde de Goiânia.

Investiu na profissionalização, na qualificação de seu pessoal, na contratação de técnicos capacitados para as respectivas funções, e propiciou a oportunidade de capacitação na área aos próprios dirigentes.

Depois de realizar uma pesquisa com seus cooperados e na região, decidiu abrir o primeiro Ponto de Atendimento na Av. Jamel Cecílio, Jardim Goiás, região onde moram muitos de seus cooperados, não há um posto do Sicoob e é para onde a cidade está crescendo. Acreditam que só o complexo onde vai funcionar já viabilizar a unidade.

A evolução da Cooperativa pode ser medida pelos números do Patrimônio Líquido: R$ 7,1 milhões em 2013; R$ 9,6 milhões em 2014; e R$ 12,6 milhões em dezembro de 2015. Ativos, R$ 27 milhões; Carteira de Crédito, R$ 16 milhões; e Carteira de depósitos, R$ 15 milhões. O quadro social manteve-se praticamente o mesmo nos últimos anos, mesmo com a eliminação das contas inativas e da atualização dos cadastros: 763 cooperados em 2012; 819 em 2013; 902 em 2014; e 871 em 2015.

Formando seu pessoal

Clayton Pires

O Sicoob Credisaúde tem investido na formação de pessoal e lhe dando oportunidade de crescimento. Um exemplo é Clayton Pires, 41 anos, goiano de Itapuranga, que está sendo preparado para assumir a presidência executiva.

Quando saiu de sua cidade natal a intenção era fazer Engenharia Mecânica na Universidade de Brasília (UnB), ficou dois anos, não se adaptou, por dificuldades, pois não tinha muitos recursos, diante do custo de vida alto em Brasília, e ali ficou de 1994 a 97.

Voltou em 1997, passou no vestibular para Ciências da Computação na UCG, que terminou em 2003; fez pós-graduação em Administração de Sistemas de Informação, pela Universidade Federal de Lavras, MG, e MBA em Controladoria e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas.

Iniciou no Sicoob Credisaúde como estagiário, em junho de 1997, na área de Informática. Em 15 de dezembro daquele ano foi efetivado. Passou por todas as áreas: caixa, tesouraria, carteira de crédito, contabilidade, diretor operacional e diretor administrativo. É do Conselho de Administração, e cooperado desde o início, há 18 anos, pois o estatuto facultava, por ser empregado.

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