A rica experiência, como estudante, numa atividade prática, um fato difícil naqueles complicados anos 1970

O final dos anos 1960 e início dos anos 1970 na Universidade Federal de Goiás não foram fáceis. O seu Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), que abrigava o Departamento de Comunicação, implantara em 1968 o Curso de Jornalismo. Naquele momento, eram muitos os problemas, desde a tensão política diante dos atos repressivos dos militares ao movimento estudantil, à falta de professores especializados e de equipamentos para as aulas práticas.

Tudo era uma batalha. Editar o jornal-laboratório, peça fundamental nessa aprendizagem, então, tornava-se uma luta complicada.

Nesse clima, enfrentando essas dificuldades, uma vitória: como aluno da segunda turma do Curso de Jornalismo da UFG, já no quarto ano, tive a oportunidade de ser o coordenador da terceira edição do jornal laboratório “O Foca”, que circulou em abril de 1972, com oito páginas. Foi um dos bons momentos ali, quando pude exercitar os conhecimentos e a liderança frente aos colegas que participaram daquele projeto. Fiz as pautas, discuti o assunto com cada colega/repórter, copidesquei os textos recebidos, criei os títulos das matérias e acompanhei o trabalho de diagramação e de revisão das páginas prontas. O resultado final foi elogiado, tanto por professores como por alunos e a comunidade que recebeu os exemplares.

A edição tratou de assuntos da cultura. Dentre as matérias, três enfocaram a questão dos “imortais”, começando pela Academia Goiana de Letras, com o título “Na AGL, 21 poltronas nem sempre ocupadas”; a constatação de que ainda não havia chegado a vez dos jovens na Academia; e sobre a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, com o titulo “A fuga ao ‘Clube da Luluzinha’”. O destaque para as matérias sobre o folclore, com o título “A presença do ontem que se apaga”; sobre o ensino de línguas estrangeiras, com o título “O privilégio de participar do fechado circulo dos poliglotas”; e sobre o movimento cultural, “Os planos superam a realidade em Goiás no campo da cultura”.

Outros três destaques: o enfoque para o fato de que os professores goianos já faziam cursos de pós-graduação em Goiânia; a defesa de tese do padre Luiz Palacin, intitulada “Goiás (1722/1822) – Estrutura e Conjuntura numa Capitania de Minas”, quando obteve a média 8,9 e se tornou o primeiro professor do ICHL a ter o título de Livre Docente; e a matéria sobre o despertar de Goiás no campo editorial, já com 50 livros no prelo.

Essa edição de “O Foca” pode ser folheada abaixo:

Jornal ‘O Foca’, Terceira Edição, abril de 1972, Curso de Jornalismo da UFG, Editor Jales Naves

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